E.M. Valtemir J.C.

Amo as Escolas rurais e felizee as que conseguem sobreviver. A E.M.Valtemir J.C, em Ibicuíba , Saquarema é uma delas. Com 300 alunos. E segue muito viva. Vieram apenas 15 alunos, pois nem todos os pais deram a permissão aos seus filhos. Estas crianças da zona rural, que vivem dentro da natureza, eram calmas, no fluxo do vento que acaricia. Como hoje recebi duas visitas que vieram de longe, a Ceci, orientadora pedagógica em Borda da Mata e a Andreia, sua amiga que mora no Rio, pedi que as crianças contassem um pouco do lugar onde vivem e dos animais silvestres que já viram. Antas e cobras. Antas gordas, eles disseram, na beira do rio e cobras venenosas, jararacas e corais. Falaram também dos bois e vacas. Leram meu livro Jardins e fizeram frases lindíssimas associando a felicidade aos jardins. Trouxeram uma apresentação musical do Teia das Águas, meu livro com Bia Hetzel , que pode ser feita no jardim. Ficou divina, num cenário de flores. E li um poema do Balaio de Felicidades, que escrevi com William Amorim , para falarmos sobre as nossas felicidadezinhas. Um aluno disse que a sua maior felicidade seria todo o mundo em paz. E amaram o café da manhã. A escola estava em obras, mas está quase pronta e logo irão refazer a horta e o jardim da escola. Vou passar uma manhã na Escola ainda nesse mês de outubro, pois como já disse, sou apaixonada por escolas rurais. A professora Neudimar e a Diretora Roselene merecem muitos aplausos pelo trabalho maravilhoso que estão fazendo.

E.M. Padre Cipriano Douma

A E.M. Padre Cipriano Douma chegou de longe. De São Gonçalo. Duas horas de viagem até Saquarema. 27 crianças do 5° ano com a Supervisora Pedagógica Kelly, a Professora Marta, os Monitores Yasmin e Marlon e o Motorista Luis. Sou muito apaixonada por crianças desta idade, quase como a minha neta Gabi. A mesa do Café estava pronta e os meus livros escolhidos, ao alcance da mão. Bancos e cadeiras e no centro um tapete grande com almofadas. Todos entraram e se sentaram com muita delicadeza nos bancos e cadeiras. Será que não repararam no tapete? Mas quando eu disse que era um tapete voador, muitas crianças se jogaram nas almofadas. Voaram. Meninas e meninos. Logo foram ao jardim ver as ávores, sentir o cheiro das folhas de cravo e de canela e ver as orquídeas tão esplêndidas, o Samuel Jardineiro como guia. Vieram de um lugar muito árido. Quando voltaram, antes do café, fizemos um exercício de escutar os sons da natureza de olhos fechados: o mar, o vento, os passarinhos. Quando abriram os olhos, falamos sobre a paisagem musical da cidade, com ruídos que ferem. Ruídos agressivos. Eles disseram como era bom ouvir a natureza. Então passamos para o Café da Manhã. A mesa era farta. E com todos sentados nos seus lugares, a dinâmica foi servi-los onde estavam. O meu pão recebeu os elogios mais maravilhosos do mundo! E quando chegamos ao texto, fiz muitas brincadeiras com os poemas. Ao Marlon Monitor pede que falasse o meu poema Banquete, verso por verso, em ritmo de rap e cada verso era repetido pelas crianças. Fizemos um poema sobre o tempo fazendo o barulho de tic-tac com a língua. Brincamos de orquestra noturna com o poema do mesmo nome( estes poemas no livro Caixinha de Música) e enumeramos as brincadeiras que eles brincam, pra ver se estavam no meu livro Brinquedos e Brincadeiras e então brincamos de estátua e foi bom demais. Na última parte do nosso encontro fomos fazer fotos na beira do mar e as crianças trouxeram uma bola de futebol e desceram para jogar com o Marlon. Impossível descrever a alegria reinante nessa manhã de brincadeiras poéticas. Doei 4 livros para a Escola e a Professora Kelly saiu cheia de ideias. E eu fiquei com o coração transbordando de amor.

Clube de Leitura da Casa Amarela

Ler O Mundo se Despedaça de Chinua Achebe é fazer uma viagem no tempo até Umuófia, uma Vila Igbo, antes da chegada do branco. Conhecer toda a estrutura econômica (baseada nos inhames), os costumes religiosos, os Deuses, o Chi, que é uma espécie de Deus pessoal, interno de cada um, seria a força de cada um Conhecer no corpo e na alma, é o que a literatura faz. É uma viagem impressionante até o som dos tambores, a força que o clã dá a cada um com sua teia de amizades, famílias, parentescos. Presenciamos as festas de casamento, os banquetes, a saída dos ancestrais cobertos de ráfia, com seus recados severos. Essa sociedade possui uma argamassa feita de memória, de pontes entre os vivos e os mortos, de provérbios e histórias. A magia permeia cada pequeno ato do cotidiano. Não existe nenhuma separação entre o sagrado e o profano. O poder e a força dos homens, o cultivo dos inhames feito por homens, as histórias contadas pelos homens, de guerras e violência e as histórias das mulheres, cheias de humor, imaginação e delicadezas, as plantações de verduras, plantações feminas faz a separação da sociedade entre homens e mulheres, separação absoluta. Como visitante de Umuófia, prefiro ouvir as histórias das mulheres. As leis do clã eram severíssimas e o pior que poderia acontecer era a sua desobediência. As punições eram terríveis, a morte ou o exílio. O Oráculo tinha uma função impressionante e suas falas eram obedecidas. A cena da mulher-oráculo carregando a menina doente nas costas para levá-la até a gruta mágica onde ninguém pode entrar, para curá-la, me leva junto, no escuro da noite. Então entrou o branco colonizador. E despedaçou esse mundo. E Janir, uma das nossas leitoras, disse, com a sua delicadeza de anjo: “Um preto vai ler esse livro como preto. Um branco vai ler esse livro como branco. Felizmente temos pessoas pretas nesse grupo, que não nos deixam esquecer que combater o racismo, a dor diária dessa doença insana, é tarefa diária. Então comemos uma comida bem brasileira, preparada pelas mãos de fada da Vanda: arroz de carreteiro, feijão, couve , batata , e para dar um toque africano, cuscuz marroquino, tudo regado a vinho. E no final bolo Obrigada a cada um dos presentes: Edith, Cristiano, Ana, Jiddu, Delma, Heloísa, as crianças Bia e Maria Rita, Adelaide, Maristela, Janir, Vilma, Christian, Belle, Maria Clara, Gilcilene e Flora. E Samuel e Vanda, meus anjos guardiães.

E. M. Theófilo D’Ávila

A E. M. Theófilo D’Ávila daqui de Saquarema, chegou na minha casa. Eram 30 crianças da 5° série, alegres, comunicativas, participativas. Depois que todos se sentaram, falamos sobre as árvores, suas vidas, sua importância, sobre as águas, sobre o clima. Fizemos um exercício lindo de escutar o mar. Entre começar pelo café da manhã, escolheram primeiro ir ao jardim. Samuel mostrou cada árvore e ficaram maravilhados com a bouganville e foram catando as florezinhas caidas e fazendo pequeninos buquês. Depois do café começamos o texto: lemos poemas, brincamos, falamos de muitas coisas necessárias. No final, no poema Receita de se Olhar no Espelho, todos ficaram em pé, eu era o espelho e depois do último verso, nós todos juntos gritamos nossos nomes. E para a despedida, cada um ficou com um par e a brincadeira era se abraçar. E como sempre, foi uma manhã de muitas felicidades, com a Vice Diretora Camila e as Professoras Patrícia, Laís e Amanda.

E.M. João Monteiro

Receber adolescentes para mim é muito maravilhoso. O meu trânsito com eles é lindo, profundo, tocante. A E.M. João Monteiro veio de Maricá, R.J, perto de Saquarema. Hoje nosso tema foi “sentimentos tóxicos e amorosos”. Falamos um pouco sobre tudo e sem medo. Quase nada do que vivemos deixou de ser falado. O que move a destruição do mundo, quem são os donos do mundo, falamos sobre drogas, sexo, adicção, poesia e poema, sobre amor, generosidade, compaixão. Falamos sobre silêncio e tempo. Sobre angústia e a complexidade humana. Sobre aceitar a singularidade do outro. Eles e elas leram meus poemas. Os adolescentes estavam atentos, compreensivos, interativos, abertos para ouvir. Eram do 9° ano, tinham 15, 16 anos. O que aconteceu aqui hoje é difícil de explicar, a força e a alegria. Juan falou com eles em espanhol e tentavam entender, fascinados. Por que o Brasil não é bilingue, português/espanhol? Tão fácil de aprender e somos uma ilha de português cercada por espanhol por todos os lados. A mesa do Café, desta vez também tinha cachorro quente e canjica. Agradeço a todas as Professoras presentes: Vanessa, Andrea e Djailina. E “gracias a la vida que me ha dado tanto”!

E.M. José Manna Junior

Em 10 de agosto de 2023 recebi 27 crianças da E.M.Municipal José Manna Junior, em São Gonçalo, R.J. Crianças do primeiro ano e algumas já lendo!!!! Com 6 anos. Eram tão maravilhosas que eu adoraria ficar um mês com as duas turmas inteiras comigo. Quando o ônibus chegou aqui na porta, todos me abraçaram tanto, quanto amor nessas crianças! A primeira atividade é ir ao jardim e se maravilhar com as flores. Correr, dar estrela, sentar no chão…e ir ao banheiro na casa de hóspedes do jardim, com um grande espelho na saleta, a atração principal para todos. Depois vem o Café que eu preparo com muito esmero. Adoro ver a mesa toda habitada de gulodices. E então, hoje só brincamos de poesia. Para cada poema lido, uma bela brincadeira. Estão em processo de alfabetização e trabalham com meus poemas. Claro, queriam todos ir ao mar e no final lá fomos nós , mas só na areia. Muitos nunca viram o mar. Esse Café, Pão e Texto foi pensado para ser uma manhã de pura felicidade. E é!!!! PS: Agradecimento especial às Professoras Claudia, Andrea, Denise, Teresa e Alessandra por toda a delicadeza.