Pele de Asno
Nosso Café da Manhã Literário com os Professores e Diretores de Saquarema e a presença da Secretária de Educação Ana Paula e a Vice Secretária de Educação Beth, foi caloroso, cheio de discussões, verdades e segredos. O vento na varanda era tão forte e frio que tivemos que nos apertar na sala. Comecei contando o conto Pele de Asno do Perrault para discutirmos sexualidade na escola, como abordar tema tão vasto, íntimo e delicado, urgentíssimo, já que em Saquarema temos meninas de 13 anos engravidando? Propus a literatura sempre como o estopim para a discussão. Todos de olhos fechados, eu contei o conto maravilhoso que fala da passagem da menina para mulher, de como a menina tem que simbolicamente matar a mãe, o desejo incestuoso do pai, a presença de uma terceira pessoa para ajudar, a fada madrinha, todos os sacrifícios pelos quais a menina tem que passar, a busca da identidade (o que existe debaixo da pele) e o final feliz. Algumas professoras sugeriram colocar na sala uma caixa de segredos onde os alunos possam depositar seus segredos e depois a professora lê e se for o caso, encaminha para a Secretaria de Educação ou para o Conselho Tutelar. É uma ótima ideia. Depois discutimos um artigo maravilhoso sobre educação que era o resumo de um Simpósio Internacional realizado pelo jornal O Globo. Todas as professoras saíram daqui com o título de Maestras dos Saberes . Discutiu-se cada item junto com Ana Paula, a Secretária de Educação, que participou como se fosse professora e esteve todo o tempo aberta para ouvir críticas, pedidos, dar sugestões. Falou-se muito sobre Bullying e li o livro Fazer um Bem da Bia Bedran que é belíssimo. Fazer um bem para ocupar o lugar do mal. Fabricar afeto na turma. Quem ama não maltrata, não humilha. Por último li meu conto Margarida, do livro Exercícios de Amor, da Lê Ed., a história de uma avó que conta para a neta um segredo do seu passado (um aborto). Gostaram tanto do conto que espontaneamente bateram palmas! Depois fomos para a mesa do café e insisti muito no quanto a comida gera amor entre os que estão participando. E abraços. Este espaço para que os professores se encontrem, possam conversar com a Secretária de Educação, possam discutir questões difíceis da escola com literatura, é importantíssimo. E para mim são momentos da mais absoluta felicidade.
Crianças e flores
Preparei todo o maravilhoso café da manhã, um pão que fiz hoje mesmo, recheado com muzzarella, bolo de cenoura com cobertura de chocolate, pão doce e sonhos (que comprei na Padaria da Ponte) café com leite, sucos, manteiga e pasta de queijo com alho e páprica (para os adultos). Hoje era dia de visita, dia de felicidade crocante: as crianças do Educandário do Bem que vieram conduzidas pelas mãos da Fátima Alves e das Professoras Vanda e Jana. Entre todos éramos mais do que 30 pessoas. Assim vai se consolidadando meu Projeto Café, Pão e Texto. Quando o ônibus amarelo encostou no portão e as crianças desceram, junto com elas desceu uma nuvem de alegria . Foram correndo para o jardim, cenário perfeito cheio de orquídeas floridas. Godofredo, o Jabuti passeando para lá e para cá. Fizemos muitas brincadeiras com Jorge Vale , professor de teatro e de contação de histórias me ajudando. Fizemos gincanas , concursos engraçados e o tema eram os poemas, os prêmios eram livros, meus e alguns que Bia Hetzel e Silvia Negreiros me deixaram. Foi maravilhoso. Depois o lanche , depois o mar azul azul azul, depois a despedida, o ônibus e sempre um gosto de quero mais.
Um dia Inesquecível
Esperávamos 32 crianças, mas chegaram 18 entre crianças e adolescentes e um motorista acidentado, pois o painel acima dele caiu na estrada sobre a sua cabeça e foram todos parar num Posto de Saúde. Mas chegaram sãos e salvos num ônibus amarelo pelas mãos da Aurora. Eram lindos e afetuosos, já foram me abraçando e beijando. Fomos para o jardim e estendemos uma colcha grande de retalhos que junto com as flores enchiam o coração da gente de arco-íris. Bia Hetzel e Silvia Negreiros chegaram um pouquinho antes com o Senhor Arnaldo, meu taxista, amigo de longa data. Desde às 5.30h da manhã Vanda preparava o almoço. Acendeu o fogão, feijão preto cozinhando e enchendo a casa com seu perfume.Samuel , nosso jardineiro, ajudou a levar as crianças para o jardim. Juan, meu marido, participava de tudo maravilhado. Apresentei alguns livros, brincamos muito de poesia, e os professores e Robson com seu violão , ele veio convidado pela escola, ajudavam a fazer a festa.O Caldeirão da bruxa foi lido por uma aluna que já havia feito isso na escola vestida de bruxa, mas Silvia emprestou seu xale. Fizemos juntos algumas bruxarias. Fizemos uma orquestra noturna com meu livro Caixinha de Música. As crianças viraram macaquinhos na floresta com meu poema “Cada Macaco No Seu Galho” que a Bia leu do meu livro “Quem vê cara não vê coração”. Depois o momento da Bia e Silvia distribuírem os belíssimos livros da Manati. Cada um escolheu um livro e depois quiseram trocar todos. Foi um troca-troca. A varanda parecia um restaurante todo colorido com mesinhas azuis e mesinhas brancas e toalhas floridas. A comida maravilhosa da Vanda foi servida no fogão de lenha. Era lindo ver todo mundo sentado ocupando a varanda inteira. Todos queriam morar aqui, na casa amarela , pois haviam lido o e-book que está no site “A bruxa da Casa Amarela”. As mães mandaram sobremesas variadas. E finalmente o momento de ir até o mar. Que festa!!! Cataram conchas e muitos quiseram levar até areia! E depois os autógrafos! Quiseram autógrafos de todo mundo, até do Samuel e da Vanda! Na despedida dentro do ônibus abraços e muitos beijos. A E.M Professora Leopoldina de Barros , de Nova Iguaçú me presenteou com uma colcha maravilhosa que as crianças fizeram e desenharam, um livro com um pouco da história de Nova Iguaçu e uma geleia de cajá, a fruta colhida de uma árvore da própria escola. Acho que todos levaram para casa Saquarema e a Casa Amarela no coração.
Encontro do Clube de Leitura na Montanha
Nosso encontro marcado na montanha no último sábado, dia 26 de julho, para discutir os livros Amrik de Ana Miranda e Um bonde chamado Desejo de Tenessee Williams foi envolto em frio, neblina, fogo e emoção. Primeiro chegaram Hélio e Fernando e a lareira já estava montada. Quando chegaram todos, César, Fátima, Chico, Denise, Lenivaldo e Angela (Evelyn, minha irmã, já estava lá.) o clima era de tanto recolhimento, bem-estar, felicidade que a vontade que tínhamos era de parar o tempo. Evelyn destacou a escrita dançada de Amrik e muitos tiveram dificuldade com sua fragmentação, Fátima achou picotada demais. César navegou em suas águas com facilidade. Felipe começou o livro e não gostou e parou. A dança secreta foi avaliada: será que Amina tirou toda a sua roupa? Lenivaldo destacou a beleza do texto, sua poesia imensa e Hélio e Fernando a perfeita reconstrução histórica. Hélio também nos disse que era a história de qualquer imigrante. A dureza das viagens de navio, a chegada num país estranho, a saudade.Evelyn falou da sensualidade das comidas, dos temperos. Todos falamos da avó e da neta dançando no telhado. Fátima e Denise do espaço que a mulher podia ocupar naquela época, espaço tão restrito e da dança como porta para a liberdade. Todos dissemos o quanto Amina era livre. Lenivaldo e Hélio destacaram a beleza do personagem do tio cego que é o guia de Amina. Falou-se sobre o amor do tio, se seria incestuoso ou não. A maioria achou que não. E o enigma: com quem ficaria Amina? Com Abraão, para quem Amina dançou a dança proibida, cujo casamento destruiu ou Chafic, o homem idealizado, o que existe e não existe? Depois da discussão todos concordaram que o livro era belíssimo, acho que até quem não leu, como Angela, mulher de Lenivaldo ou Felipe, que não terminou. Mas Felipe ressaltou que todos já eram leitores preparados para ler um livro fora da zona de conforto, com uma sintaxe diferente. Pausa para o café. A lareira crepitava e uma chuvinha tornava a sala envidraçada ainda mais bela. Então começamos a discutir Um Bonde Chamado Desejo. Felipe nos contou que foi sua primeira prova de teatro, que era seu autor preferido e nos explicou que as indicações supérfluas eram maravilhosas pois apesar de não entrarem em cena, guiavam os sentimentos do diretor. Os dois livros se tocam pois o tema, afinal é o desejo. Já começando pelo título, que na verdade era um bonde concreto que levou Blanche ao encontro da sua última destruição. Desenrolamos o livro como um maravilhoso pergaminho. César nos contou que era o primeiro livro com texto de teatro que lia e que ficou fascinado. Todos comentamos o quanto o final era duro, como era triste, ah, mas antes Felipe quase foi linchado, pois ao estilo Nelson Rodrigues disse que toda mulher gosta de um brutamontes como o Stanley! Discutimos se houve um estupro ou não e relemos o final para afirmar sim, houve, o foi o que acabou de fazer com que Blanche atravessasse o último fio que a separava da loucura. Denise, como psicóloga nos trouxe ótimas confirmações. E deixamos marcado o próximo encontro para o dia 4 de outubro com o livro Xogum e alguns haicais japoneses ou não. Escolhi um livro daqueles, como disse o Fernando, que se atracam com o leitor, grudam em sua pele, imobilizam o leitor em sua trama. E o grande prêmio do nosso encontro : um almoço no Babel Restaurante do meu filho André Murray, maravilha das maravilhas.
Feijoada e poesia
Cheguei de Teresópólis dia 8 no final da tarde. Vanda, minha caseira e parceira, já havia deixado a feijoada em pleno andamento. Logo chegaram minhas amigas, Carolina, editora da Rovelle e Monica. Carolina trouxe 40 livros para distribuir entre as crianças que no dia seguinte participariam do Pojeto Café, Pão e Texto. Quando o ônibus (que se chamava Divino) encostou na calçada, na porta da minha casa, todos gritando de felicidade, eu estava a postos, de braços abertos para recebê-los. Eles falavam, ” olha a casa amarela” e quando viram o Juan, também na porta, gritavam “ele estava no livro!” É que leram o e-book A Bruxinha da Casa Amarela e estavam entrando dentro do livro. Perguntavam, “esse é o jardim que a bruxa cuida?” Fomos todos para o jardim e fizeram a roda mais linda e colorida , sentados na grama. A ONG Care do Brasil, que trabalha com leitura em Duque de Caxias, trouxe agentes de leitura e deu o ônibus. Li para eles alguns poemas do meu novo original que sairá pela ed. Rovelle no ano que vem. Eles apresentaram poemas declamados lindamente, uma bela agente de leitura leu o livro Nana, mostrando suas ilustrações e Juan trouxe a Nana para ser apresentada. Ela entrou em pânico e fugiu para debaixo da cama do quarto .Os jabutis decididamente amam as Rodas de Leitura no jardim, pois não saiam de dentro da roda e as meninas gritavam e gritavam. Carolina , da ed. Rovelle deu uma aula sobre edição de livros, foi maravilhoso. E distribuiu os belíssimos 40 livros que trouxe. Falamos sobre como a leitura abre para eles o mundo e a possibilidade de encontrarem seus caminhos. Depois passamos para o almoço. Todas as crianças sentadas. As professoras serviam a comida diretamente do fogão de lenha. E nós e as professoras e o motorista e a Vanda e Juan e Chico que veio assistir, e o marido de uma professora sentamos em cadeiras com o prato no colo, pois não havia lugar nas mesas para todos , éramos mais de 50 pessoas!!! Depois da sobremesa tivemos o terceiro momento: As crianças foram até a beira do mar. Alguns não conheciam o mar. Como no conto do Galeano, uma das crianças disse: ” é muito grande!” Monica, minha amiga fotógrafa fotografava tudo o que podia. A alegria deles era tamanha que até o a luz brilhava mais. Voltaram sujos de areia, transbordando de felicidade. Depois de lavar os pés, hora dos autógrafos em livros alheios, tive que autografar, e hora de mais fotos e da despedida . Tocou o telefone quando entrei em casa depois da partida do ônibus. Era meu filho e eu não conseguia falar de tanta emoção.
Festa de Babette
Como agradecer tantas dádivas que tenho recebido da vida? O Clube de Leitura da Casa Amarela é uma das minhas maiores alegrias, é um grande presente e somos já uma linda família, nosso traço em comum: amamos ler. Maria Clara, Leila, Gil, Felipe, Pamela, Cristiano, Ana, César, Flora, Hector, Helio, Fernando, Juan, Chico, Adelaide, Isabela, será que esqueci de alguém? E ontem falamos tanto de anjos, eles percorrem os contos da Karen Blixen de lá para cá, agradeço ao Samuel e Vanda, nossos anjos. O dia ontem, o do nosso encontro, estava lindo e quente. Vanda nossa caseira, já cedinho às voltas com o bobó que inventei de abóbora com salmão. Ficou maravilhoso, simplesmente. De sobremesa compramos uma torta de coco para festejar o recente casamento de Ana Cristina e Cristiano. A sala estava cheia e optamos por discutir conto por conto do livro Anedotas do Destino da Karen Blixen. Todos ressaltaram a beleza da escrita, a beleza da urdidura dos textos e a estranheza das histórias. Felipe lembrou que ela nasceu na mesma terra de Andersen e que portanto, apesar da diferença no tempo, o estilo dos dois tinha um parentesco. É o “maravilhoso” em estado puro. Falamos sobre a grande espiritualidade dos contos, a ausência de moral no final das histórias , a busca pessoal de cada personagem. Pamela, namorada do Felipe que veio pela primeira vez, falou que os contos bebiam diretamente na fonte do inconsciente e tinham um parentesco a posteriori com o surrealismo, com Dali. César falou sobre a perfeição do conto da História Imortal, o conto do Mister Clay é uma ode à literatura. Fazer com que a ficção virasse realidade para depois tornar-se ficção outra vez..Foi maravilhoso termos lido A Tempestade do Shakespeare para poder ler depois A Tempestade da Karen Blixen. Nos deu um grande alicerce, pois o conto da Blixen é inspirado na peça. E o conto do anel retoma o conto de fadas do lobo mau…Conto totalmente Junguiano.Hélio, Fernando, Chico, leram trechos especialmente poéticos. Pulamos o conto da Festa de Babette, pois depois do almoço passamos o filme. Saímos do filme emudecidos, transtornadoss, Leila cheia de lágrimas, todos nós alucinados com a beleza do filme, a fidelidade da adaptação. Cada um de nós agradeceu estarmos juntos, dividirmos juntos tanta felicidade e beleza.. Nos abraçamos com emoção verdadeira. O próximo encontro será dia 26 de julho em Visconde de Mauá e os livros serão: Amrik de Ana Miranda e Um bonde Chamado Desejo de Tenesse Williams.
Herdei o dom de ler da minha avó
Às 9h em ponto um ônibus amarelo encostou aqui na porta e uma revoada de pré-adolescentes e adolescentes desceram com o Prof. Robledo Gomes, professor de teatro. Alguns já vieram vestidos para a pequena peça que apresentariam. A nossa varanda estava linda, cheia de tapetes e almofadas espalhadas pelo chão. A mesa do café já preparada: quatro bolos feitos pela Vanda e dois pães imensos feitos por mim hoje bem cedinho. Sucos, café com leite e manteiga. Começamos conversando sobre a força da poesia e como pode ser terapêutica. Depois falei de alguns depoimentos de cura através da poesia , algumas pessoas me contam. Então falamos sobre drogas e como o corpo sozinho fabrica drogas maravilhosas sem que a gente precise recorrer a nada: endorfina, oxitocina. falamos dos abraços e como também curam.. Distribuí meus poemas do livro Poço dos Desejos , cada um ficou com uma cópia. O livro ainda está em produção.Escolhi cinco pessoas e o poema foi lido em voz alta. Depois de cada poema lido falávamos sobre o poema e nossos desejos. Foi maravilhoso! A Carolina Braga Malacco da Editora Rovelle, mandou bem cedinho um motorista trazer 30 livros da sua editora e distribuidora para presentear as crianças. Foi uma loucura a felicidade dos meninos-as ganhando um livro belíssimo cada um. A peça, bem pequena, era super original. Chapeuzinho Branco. Uma versão diferente do Chapeuzinho Vermelho. Foi brilhante e engraçado. Aulas de teatro na escola fazem toda a diferença! Antes do café da manhã , espontaneamente o Márcio, que veio de terno e gravata para a peça, disse: -Vamos nos dar um abraço de vinte segundos!E todos abraçavam todos! O s bolos e pães eram tão fantásticos, os pães quentinhos com manteiga, que ninguém conseguia parar de comer. Ai se as aulas nas escolas fossem sempre uma festa. Como sairiam da escola todos felizes e cheios de novos aprendizados. Este projeto me enche toda de dourado por dentro e pó de pirlimpimpim : hoje não caminho, levito.
Primeiro encontro
Ontem, às 8.30h um ônibus escolar parou na minha porta e desceram 25 meninas de camiseta rosa. Maestro Moisés era quem puxava o fio da alegria. Foram direto para o jardim, junto com as coordenadoras das escolas, o músico e João, o namorado do Moisés.Fizeram um arco em volta da goiabeira, onde havia sombra e o músico sentou-se com seu violão na trave da roda de carro de boi que temos no jardim(junto com as rodas, claro, é o seu eixo). O Maestro compôs uma canção lindíssima para a Casa Amarela. Foi absolutamente emocionante. Com todo o calor eu tinha a pele arrepiada de tanta beleza. Depois as meninas sentaram na grama em cima de colchas e os adultos em bancos e cadeiras. Os cinco jabutis se apaixonaram pelas meninas ou gostaram de ouvir o conto, ficavam andando no meio delas para lá e para cá, principalmente o Godofredo. Falei um pouco sobre o tempo da ditadura. João contou uma história dessa época, para mim inédita. Ele morava no Sul, numa pequena cidade, com seus pais italianos. Sua mãe não falava português, mas os filhos sim. Só que estava proibido falar na rua qualquer língua estrangeira. Então para ir ao mercado, ela levava um filho e falava no seu ouvido em italiano o que queria e assim podiam comprar. Lembrando que numa cidade pequena não deveria haver supermercado, mas sim uma venda. Li o conto “Lia”, do meu livro Pequenos Contos de Leves Assombros. Quando acabei elas reconstituíram a história e depois entramos mais profundamente no conto. Foi muito bom. Também preparei uma surpresa para o Maestro. Vanda , minha caseira, fez um imenso bolo de laranja com chocolate e cantamos os parabéns, pois ele havia feito anos poucos dias antes. Fiz pães bem cedinho de manhã, um recheado e outro integral, ´manteiga na mesa, café com leite e suco. Foi uma festa. . Às 11hs o ônibus chegou e se foram todos como uma revoada de pássaros coloridos. Deixaram na casa um rastro luminoso que não se apagará.
Alguém para correr comigo
Nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela, ontem, dia 22-02-14, foi cheio de alegria e surpresas maravilhosas. Recebemos gente nova. Jurema e Caroline, professoras, vieram de São Paulo! Viajaram a noite inteira para estar aqui. Fiquei muito emocionada. Vieram também, pela primeira vez, José Prado, editor, Miriam,que também foi minha editora e duas alunas da Estação das Letras. Temos assim, um grupo bem heterogêneo bem variado: Contadores, advogados, um vereador, professores, uma agente de viagens, uma ex diretora de escola, um arquiteto e escultor. Talvez seja esta diversidade o que torna o grupo tão interessante. As primeiras a falar sobre o livro Alguém para Correr Comigo, do israelense David Grossman, foram Maria Clara e Leila . Maria Clara disse que de todos os livros lidos no nosso Clube, esse tinha sido o que ela mais gostou. Leila falou que se viu adolescente, com todas as indagações, questões existenciais, oscilações de auto-estima próprias desta época. E acrescentou que achava que todos sentiram o mesmo. Hector leu algumas frases do livro em hebraico para que todos pudessem ouvir a sonoridade da língua original. Maria Clara ressaltou o tempo da narrativa, super interessante, os personagens estão sempre em tempos desencontrados e seus tempos só se encaixam no final. Várias pessoas leram trechos belíssimos do livro e falaram que é um livro policial, é um livro de amor ,e principalmente de amizade. Amizade da irmã pelo irmão, o que leva a personagem Tamar a viver situações limite, colocando várias vezes sua vida em risco. A cadela Dinka que leva Assaf a conhecer lugares e pessoas estranhas foi para muitos, a personagem principal. Uma trama toda picotada, um verdadeiro quebra cabeça onde pouco a pouco as peças vão se encaixando. Falamos da gruta para onde Tamar leva o irmão como lugar de renascimento. Falamos da capacidade maravilhosa de Tamar para ouvir.Da sua capacidade de ser para cada pessoa o que a pessoa precisava que ela fosse. Todos falaram do ritmo vertiginoso do livro . Todos falaram do começo do livro, confuso e difícil. Felipe falou que o livro é cheio de silêncios. Caroline disse que esperava um final mais mágico, menos real, eu discordei e disse que achava que o final era perfeito. Felipe disse que concordava com ela. E que eu tinha o péssimo hábito de maltratar as pessoas que vinham pela primeira vez. Ele disse que com personagens tão bizarros e situações inusitadas ele também queria um final mágico. Juan disse que a vida sempre supera a ficção e que a história de cada um é sempre extraordinária. Hélio falou que ficou surpreso de que Jerusalém, a mítica cidade , tivesse este submundo apresentado no livro. Juan lembrou que cada cidade tem várias camadas, várias cidades na mesma cidade. César disse que Tamar lhe parecia um espírito muito iluminado. Todos nos apaixonamos pela Freira Theodora. Enfim, todos amaram o livro. Nossas discussões são feitas com o coração. Ângela trouxe para o Samuel, nosso jardineiro e ouvinte assíduo das discussões, de presente de aniversário, já que era seu aniversário, uma camiseta preta com o desenho da casa amarela com o título do clube. A camiseta era tão linda que todos morremos de inveja! E o almoço foi servido no fogão de lenha, tudo preparado pela Vanda e sua filha Aline: Salada verde, maionese de batata, arroz de forno e abóbora com carne seca. Pães com azeite. Flora trouxe dois pães integrais magníficos Eu fiz um pão branco com a mão esquerda somente. Tudo regado a espumante, vento do mar e alegria. Brindamos ao Samuel, que cuida do nosso jardim desde 2002 e prepara a casa para receber o Clube. Com uma torta maravilhosa cantamos parabéns para ele e nosso próximo encontro será dia 12 de abril com os livros A Tempestade de Shakespeare e Anedotas do Destino da Karen Blixen.
E-book – A Bruxa da Casa Amarela

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