Encontro na Casa Amarela

Ontem o Clube de Leitura da Casa Amarela se reuniu e recebeu novos habitantes: três professoras de Saquarema trazidas pela mão do Prof.Ivo. Discutimos os livros “Madalena, O Último Tabú do Cristianismo” do Juan Arias, com ele presente. (Era surpresa. Foi idéia do Fernando , que não pode vir. Combinamos a leitura do livro em segredo total.) e “O Carteiro e o Poeta” do Antonio Skármeta. Também tinhamos que trazer para o nosso encontro a poeta chilena , Prêmio Nobel de literatura, Gabriela Mistral e quem lesse um poema da Gabriela o dedicaria a alguém. O dia estava lindo e a temperatura amena. Chico Perez, nosso único vereador poeta, Flora, Héctor, Maria Clara, Gil, Ivo, Leila, duas Ângelas, o filho da Gil de 12 anos , Felipe, as três novas professoras, eu e Juan, nos entrelaçamos na sala para discutir a Madalena. Depois da surpresa inicial do Juan, Gil começou falando que o livro para ela havia sido um terremoto, pois destruia o seu castelo encantado onde Madalena era uma prostituta arrependida. Mas, pouco a pouco , ela ia voltando ao livro e reconstruindo a figura desta belíssima mulher que não era prostituta e nem arrependida, mas uma mulher culta , interlocutora de Jesus. Foi uma discussão acalorada e apaixonada, maravilhosa. Todos participaram, menos Felipe, que disse que se recusava a discutir um assunto ausente da sua vida. Juan, que estuda teologia desde muito jovem e se formou em teologia e linguas semíticas em Roma, nos trazia a segurança do seu conhecimento, ele nos oferecia uma nova Madalena e seu tempo e ela na frente do seu tempo, uma mulher maravilhosa. O Carteiro e o poeta também gerou paixões.Leila falou da torrrente de emoções que o livro desatou dentro dela, a partir da amizade entre o carteiro e Neruda e ela chorou muito quando leu o livro e chorou muito enquanto falava. Gil disse que foi o livro mais bonito que leu até agora desde que entrou para o Clube: um livro completo, amor, amizade e poesia. Todos falaram da maravilha que foi o encontro do carteiro com a poesia, como este encontro iluminou e mudou a sua vida. Juan disse que não era um livro sobre a amizade, mas sim sobre a poesia, que o carteiro se apaixonou pela poesia e não pelo Neruda como pessoa. Claro que ficaram amigos e também é um livro sobre a amizade, mas é o encontro de uma pessoa qualquer, simples, com a poesia. Héctor achou que era um livro político, que a história era apenas um pretexto, mas quase ninguém concordou. Todos concordaram em que saber a história recente do Chile ampliava a leitura do livro. E vieram os poemas da Gabriela Mistral. Foi um momento luminoso. Cada um trouxe um poema mais belo do que o outro e dedicava a alguém presente. Angela e Maria Clara trouxeram livros para sortear, o “Confesso que vivi” do Neruda e “A Maior Flor do Mundo” do Saramago., Felipe também trouxe um livro do Quintana, e ele ofereceu a alguém que verdadeiramente quisesse o livro. E o poema que falou da Gabriela Mistral era para falar da sua dor, da sua decepção amorosa. E então fomos para a mesa do almoço , na varanda . Espalhei flores sobre a mesa. A feijoada no fogão de lenha. Pão e Vinho, literatura e amizade. Verdadeira celebração. Próximo encontro: dia 23 de fevereiro. Livros: Sagarana, João Guimarães Rosa e Morte e Vida Severina, João Cabral de Melo Neto.

Clube de Leitura da Casa Amarela

Nosso encontro de hoje do Clube de Leitura da Casa Amarela foi marcado por ausências. Não vieram, Felipe, Andrea e Cris, de Duque de Caxias. Leila não veio . Messias não veio. Mas vieram todos os outros: Hélio e Fernando, Maria Clara, Chico, Gil, as duas Ângelas, e Ivo, pela primeira vez. Lemos A DAMA DO CACHORRINHO de Anton Tchékhov. Cada um falou do seu conto predileto, daquele que mais tocou seu coração. O conto Vanka, do menino que escreve a carta para o avô foi uma paixão geral. Hélio se debruçou sobre o coração do menino. Todos nos emocionamos com a história tão triste do menino que quer voltar para junto do seu avô. Falamos do conto nas suas minúcias. Maria Clara identifica o avô com o Papai Noel, é um conto de natal. Gil escolheu como seu o conto da Corista e fez uma leitura belíssima . Falou da bondade da corista, da sua sensibilidade e era apenas uma prostituta. Juan falou do conto A Irrequieta e de como o nosso tesouro está quase sempre ao nosso lado e não o vemos . Todos concordamos que o autor nos leva a um desfile impressionante de personagens e conhece conmo poucos a alma humana. A Russia dos tzares hoje esteve em nossa sala. Todos amaram o pequeno livro imenso. Todos ressaltaram a abertura dos contos, nenhum final é fechado. E esse tempo, único, que não existe mais, existe. Basta abrir o livro em qualquer conto e já estaremos instalados numa troika, numa casa de um nobre, de um camponês, um burguês. E a manivela do tempo, a literatura, com todas as suas engrenagens , trará até nós , estas cenas de um passado tão rico, tão denso. Celebramos com pão, vinho e uma comida maravilhosa preparada pela Vanda, nossa caseira de nome russo, a alegria de discutirmos um belo livro. E cantamos parabéns com uma torta maravilhosa de nozes e chocolate branco, pois Vanda fez 50 anos.

Clube de Leitura da Casa Amarela

Cheguei de Visconde de Mauá ontem para o almoço . Passei sete dias na minha casinha dentro da mata, como todos sabem, sem nenhuma tecnologia. Havia convidados na casa aqui em Saquarema, nem pude abrir a internet. E hoje já seria o nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela. Salvador, meu amigo ermitão, que mora bem acima do nosso sítio, veio comigo pois ontem foi o aniversário do Juan. Eles são muito amigos. E o nosso encontro de hoje foi na casa rural de um dos membros do clube. Lugar magnífico com anfitriões magníficos. Nosso encontro foi debaixo de uma mangueira imensa, na beira da lagoa, entre pavões e galinhas d’angola. Estavam todos, menos a Cris que não conseguiu vir do Rio.Mas outros vieram , Dr. Messias, Kátia, Angela, Leila, Felipe e a namorada, Andrea. Vieram do Rio para o nosso encontro e isso me comove muito.E o pessoal daqui de Saquarema, Flora, Hector, Francisco, Maria Clara, Gil. O Amante da Marguerite Duras, foi tema de muitos temas paralelos. Falamos da estrutura do livro, do texto como fotografias, falamos do interdito, do amor, da paixão, da simplicidade beleza e densidade da escrita. Falamos sobre a memória. Francisco disse que o verdadeiro amor, o que nunca se apaga é o amor dos amantes, o que não cai na rotina. E isso foi muito discutido. E no livro o amor de um chinês por uma jovem “branca” de quinze anos está cercado de proibições por todos os lados. Falamos dos segredos, de como a casa onde se encontravam era ao mesmo tempo escondida e exposta , num equilíbrio precário. Falamos de como a família da jovem nos lembrava o romance Dois Irmãos do Milton Hatoum. De toda a ambiguidade que reinava nas relações daquela família. Falamos de incesto. Da fragilidade do amante, do seu pai opressor em contraponto com a mãe louca da jovem. Falamos de amor.Das muitas formas de amor, no passado e hoje. Muitos acharam o livro difícil. Felipe e a namorada passaram dois dias lendo o livro em voz alta um para o outro e ele reclamou das lacunas do livro e das oscilações do texto. Mas depois da nossa discussão todos gostaram do livro. Hector nos chamou a atenção para a fluidez das relações hoje, do ser humano como objeto descartável. Messias disse que caminhamos para algo novo. Encontraremos um equiliíbrio entre razão e desejo.Juan falou da hipocrisia das relações antigamente e de como estamos indo em direção a algo muito melhor. O conto do James Joyce OS MORTOS foi lido por poucos e não pode ser muito discutido. Quem leu ficou comovido com a beleza do conto. Cada um levou um poema do Drummond e foi maravilhoso ouvir a sua poesia naquele cenário estonteante. Fernando esqueceu os óculos, mas o Hélio leu para ele. O almoço era tão espetacular, uma mesa tão farta de iguarias, que nem sabíamos por onde começar. Hélio fez um discurso lindíssimo pelo aniversário do Juan e o bolo e a sobremesa mereciam um tratado . Depois do almoço cada membro do clube plantou uma árvore. Eu escolhi um cajá manga, mas na verdade quem plantou para mim foi meu amigo Salvador, pois a árvore era pesada, a pá nem se fala e a minha coluna complicada como sempre. O próximo encontro será dia 15 de setembro. O livro: A DAMA DO CACHORRINHO de Anton Tchekov da ed.LPM, livro de bolso. E um poema do Quintana. Cada um escolha o seu.

Encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela

TEAR: Com fios de pensamento se tece o mundo se costuram pedaços rasgados de vida, nesse tear estranho que só o homem possui: tear de sonhos. in Residência no Ar, ed. Paulus, Roseana Murray, aquarelas Evelyn Kligerman Nós, crianças, rogamos-Lhe, nosso Deus, criador do mundo: conceda-nos uma vida delicada e pura e cultive em nós a bondade. Epígrafe do livro O Sobrevivente, Memórias de um brasileiro que escapou de Auschwitz, Ed.Record Ontem o encontro do nosso Clube de Leitura da Casa Amarela para discutir o livro A TRÉGUA do Primo Levi foi diferente de tudo o que eu havia imaginado. Praticamente não pudemos discutir o livro, mal conseguimos nos aproximar dele, pois Angela, uma das leitoras do Clube trouxe como testemunha o Sr.Aleksander Henryk Laks com seu livro O Sobrevivente. A realidade explodiu a ficção. Aleksander foi prisioneiro de Auschwitz, escapou, veio para o Brasil, se naturalizou brasileiro e vive para contar. Ao contrário do que se poderia imaginar, é um homem alegre, cheio de vida, emotivo, sorridente e nos conquistou a todos, além do seu humor judaico. Em várias ocasiões ele desmentiu o Primo Levi, pois A Trégua é um livro filtrado, literatura e realmente não nos importa o que ali é verdade ou não, nos importa como o livro está escrito. O Sr. Aleksander nos contou. Respondeu a muitas, muitas perguntas. Nos falou da fome, imensa, indescritível, algo com que ninguém que não tenha sido prisioneiro de Campo, vivido a guerra pode imaginar. O Sr. Aleksander nos contou. E foi muito impactante ouvir. estávamos todos na beira do abismo da emoção, quase todos com um nó na garganta. Hector, novo membro do Clube, trouxe um artigo sobre o antissemitismo hoje no mundo, previu uma nova Hecatombe, um futuro Holocausto e nos falou da sua descrença em tudo. Mas a epígrafe do livro (já comecei a ler, estou na metade e é muito forte e muito bem escrito) do livro O Sobrevivente nos fala da bondade e não da maldade. No livro A Trégua , encontramos dentro das relações humanas, que é a base do livro, a bondade espalhada como fina poeira luminosa dentro do horror. No livro A Escritura e a Vida, Jorge Semprún nos fala da bondade quando um homem, prisioneiro alemão comunista , troca a sua profissão de estudante de filosofia pela de estucador: provavelmente ali sua vida foi salva. Não acredito em nenhuma repetição do passado. Acredito que um dia o mundo descobrirá a paz e a bondade será a partitura do mundo. A presença luminosa do Sr. Aleksander que depois de ter passado cinco anos comendo 200 calorias por dia, ficou vivo para contar, para que o passado não se repita, nos deixou a todos completamente emocionados. E esperançosos. Francisco leu um poema que escreveu a partir da Trégua. Felipe estava felicíssimo de namorada nova, apaixonado e nos leu, maravilhosamente Pasárgada, do Bandeira, para que cada um construa a sua Pasárgada possível. Maria Clara também leu um novo poema. Juan perguntou ao Sr. Aleksander sobre a história do Padre Kolbe, que morreu em Auschwitz no lugar de um homem e o Sr. Aleksander disse que isso seria totalmente impossível, que ele não acreditava. Durante o almoço Angela tocou violão e todos cantamos a música “Para não dizer que não falei de flores” , do Vandré, todos cantamos juntos. O Sr. Aleksander se apaixonou pelo meu pão e só queria comer o pão! Tomou proseco, riu, se divertiu, nos seduziu. Minhas duas pastas, a de beringela e de gorgonzola fizeram sucesso. Messias, nosso médico e amigo-irmão, foi nosso grande ausente, pois às nove horas da manhã me telefonou dizendo que não poderia vir, estava com febre . Eu havia feito um bolo de aniversário para ele, mas cantamos parabéns e ele ouviu pelo telefone. Fernando e Hélio , emocionadíssimos, nos disseram da oportunidade única de conhecer um sobrevivente de um Campo de Concentração. Dentro de muito pouco tempo , já não haverá mais nenhum sobrevivente vivo para contar com a sua própria voz. Póximo encontro dia 21 de julho. Livros: O Amante, Marguerite Duras e o conto Os Mortos, do James Joyce. Um poema do Drummond, cada um escolha o seu.

Clube de Leitura

Hoje começo a preparar o encontro do nosso Clube de Leitura da Casa Amarela que acontecerá amanhã. Vou fazer um almoço de inspiração árabe, para acompanhar o livro O Cerco de Lisboa do Saramago que foi detestado por quase todo mundo. Farei um quibe de forno e um arroz empedrado que comi na Espanha e amei. É um arroz com açafrão e grão de bico. Espero que o almoço saia tão bom que não desistam do Clube por causa do livro. Mas acho que será uma discussão muito boa , muito fértil.Além disso, podemos aproveitar a seta que aponta para o mundo árabe para falar um pouco sobre o tema incandescente em nosso tempo. Felipe, professor de Duque de Caxias nos trará uma surpresa maravilhosa. E estamos recebendo Maristela, professora de Maringá, no Paraná, que vem de ônibus com o marido e a filha, atravessando mais de 16 horas para chegar a Saquarema. É inacreditável.Fico muito comovida. Messias, nosso médico e melhor amigo que vem do Rio para o encontro, diz que jamais perderia a oportunidade de discutir um livro tão chato! Mas eu adorei o livro, a sua arquitetura, a questão interessantíssima do narrador. Não é um romance convencional e gosto da idéia de duas histórias correndo paralelas em tempos tão diferentes. Juan nos dará seu depoimento sobre a semana que passamos juntos nas Islas Canárias com Saramago e Pilar para seu livro de entrevistas “O Amor Possível” , ed. Manati. Nos livros do Saramago o amor é sempre possível.

O Encontro

Ontem foi um dia luminoso, o nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela. Primeiro chegou Pepito, todo de branco, era seu aniversário e ele está apaixonado . Depois o povo de Duque de Caxias, que amo de paixão. Eles vieram na véspera e dormiram em Saquarema para não perder a hora! Andrea me trouxe um vaso de pimenta roxa, ela me disse: já que o livro é apimentado… Felipe e Cris envolveram a sala em alegria. Angela, professora de Saquarema e sua aluna, Thaís, Evelyn, Luis, Juan, Tia Alice, nosso caseiro Samuel , Francisco, cada vez a sala ficava mais cheia. Angelo, leitor do blog, poeta, professor de educação física e leitor voraz, chegou com uma braçada de flores, eu não o conhecia. Para começar Pepito leu um poema em espanhol da sua coletânea de poemas sobre tangos. Angelo falou de cor um poema de sua autoria. Juan, Luis e Pepito leram um trecho do discurso do Vargas Llosa na entrega do Nobel. Então começamos a conversar sobre As Travessuras da Menina Má. Reviramos o livro, os personagens, as situações. Cada um contou alguma história do seu acervo pessoal…Falamos dos amigos espalhados pelo livro, da solidão da Menina Má, do belíssimo personagem que entendia a lingua do mar. Então chegou Angela, leitora do blog e sua cunhada, professora de arte . Chegaram atrasadas porque havia um engarrafamento muito grande. Trouxeram dois bolos, um preto e um branco. Mas ainda puderam participar das discussões. O livro foi unanimidade: todos amaram. Ninguém havia lido Vargas Llosa antes e Francisco já havia comprado Pantaleão e as Visitadoras. Acho que agora todos vão querer ler outros livros do autor. Já marcamos nosso próximo encontro, dia 30 de abril e o livro é Viva Chama de Tracy Chevalier, ed. Bertrand Brasil. É um romance interessantíssimo que gira en torno da figura do William Blake e a autora é a que escreveu Moça com Brinco de Pérola. Éramos 18 pessoas numa mesa gigante e brindamos e celebramos a literatura e a vida. Cantamos parabéns para Angela e Pepito. Ontem tinhamos no Clube duas Angelas e um Angelo. Mas na verdade a casa estava cheia de anjos.

Clube de Leitura da Casa Amarela

Ontem éramos 14 pessoas . Nos apertamos em volta da mesa da varanda e coubemos todos. Quando criei o Clube pensei nos professores de Saquarema, mas ontem eram minoria. Vieram de Duque de Caxias, Teresópolis, Rio. Discutimos o livro a Distância entre Nós de Thrity Umrigar: toda a tristeza, o sofrimento e a beleza da trama. A grandeza, a força de Bhima, que conduz a história. Muitos acharam o livro pesado demais, desesperado demais. Outros se identificaram com algumas situações, alguns personagens. Uns sentiram ternura, outros, raiva, até ódio. Felipe, Secretário de Leitura de Duque de Caxias disse que nunca mais queria ler um livro indiano na sua vida. Que nunca havia lido um livro tão pesado. Evelyn , minha irmã, falou de nossa babá Eunice, que entregou o próprio filho para outra pessoa criar para nos criar. Assim como Bhima entregou a sua vida a uma família estranha. Discutimos preconceitos, comparamos India e Brasil, acho que foi muito positivo. Ganhei muitos presentes: Andréia trouxe uma compota de pera, tão linda que dá pena comer. O vidro foi decorado pelo grupo e veio numa linda sacola de pano. Angela, leitora do blog, fez um livro artesanal desenhado por ela, com toda a minha viagem pela Espanha, que ela retirou daqui do blog. Emocionante. Os depoimentos eram belos: Gil nos contou a sua ternura por Bhima, a personagem do livro que era empregada doméstica, pois sua mãe também era empregada doméstica. Thais nos contou que sua mãe havia falecido uma semana atrás e que durante a doença da mãe o livro a ajudou muito. Delma fazia anos e fiz um bolo-surpresa para ela, mas a minha surpresa é que ela trouxe um bolo! todo azul, feito pelo namorado. Tivemos dois bolos e ela teve que apagar muitas velas. Agradeço a todos a presença. Nosso próximo livro : As Travessuras da menina Má, Vargas LLosa e nosso encontro será no dia 5 de fevereiro.

Clube de Leitura da Casa Amarela

Há mais de 30 anos saboreio as poesias de Roseana Murray, com meus alunos, com minhas amigas no nosso “círculo de mulheres”: ” quantas mulheres existem escritas em minhas paredes secretas como é secreto um rio correndo dentro da noite.” Tenho como livro de cabeceira – Paredes Vazadas – hoje esgotado. Leio e releio (são deles os versos que aqui, nesse texto,transcrevo): seus versos me atingem fundo e me fazem emergir como um ser humano melhor. No início desse ano,trabalhamos,no “círculo de mulheres”,seu poema Genealogia: ” Morro ao contrário e viro minha mãe ela vinha da Polônia sem adivinhar que me carregava em seu destino.” Mergulhamos em busca de nossas mães, avós, bisavós. E as fizemos ressuscitar em nós mesmas. Descobri o blog da Roseana e lhe escrevi,contando sobre essa experiência emocionante.Ela respondeu com gentileza.E assim começou nosso contato: ela escrevendo em seu blog,eu comentando,ela respondendo.Ao ler sobre ” O clube de leitura da casa amarela”,eu suspirei: quem me dera poder participar dele.Professores se reúnem,depois de ler o livro indicado e conversam sobre o autor e sua obra. O próximo seria dia 7 de agosto. Eu lhe escrevi sobre minha inveja!Ela me convidou: venha.O livro Quase- Memórias ,de Carlos Heitor Cony,é a senha. Minha primeira reação: eu? Na casa de Roseana Murray? Quem sou eu!!!! Minha segunda reação: por que não? “Se existe uma vontade,existe um caminho” – eu tinha escrito na minha página do orkut.Transformei essas palavras em ações. Iara,minha nora que mora na França ( mulher do meu filho caçula – músico),adora os poemas de Roseana: eu a apresentei a eles.Escreve sempre no blog dela,também. – Posso convidar minha Norinha? – Claro que sim,ela será benvinda. Assim coloquei em movimento a roda da vida,acionada pelo meu desejo.Iara comprou as passagens de avião( ela estaria no Brasil nessa época,visitando a família),eu agendei com minha irmã caçula-mineira-carioca as aulas de dissertação que daria ao meu sobrinho-afilhado-pré-vestibulando para quase final de julho.Pronto! Lá fui eu,rumo ao Rio de Janeiro. No dia 7 de agosto,meu cunhado e minha irmã nos levaram até Saquarema,onde mora Roseana e seu marido,o jornalista-escritor Juan Arias.Em duas horas estávamos chegando à cidade turística,cuja atração maior é seu mar bravio. Às 11,10 h fomos recebidos no portão com um abraço caloroso!Roseana ficava repetindo: você veio,você veio! A casa é mesmo amarela e fica de frente para o mar.Do segundo andar a vista é deslumbrante: céu e mar se fundem,alegres. As pessoas foram chegando( o pessoal de Duque de Caxias se perdeu mas chegou a tempo).Sentamo-nos na sala,em círculo: éramos 13 pessoas.A conversa sobre o romance denso e lírico de Cony correu fácil,às vezes alegre,às vezes emotiva,como o próprio livro.Experiências foram trocadas.Lágrimas discretamente enxugadas.Histórias pessoais divididas.Um banquete,do qual me alimentei com entusiasmo e alegria! Às duas horas nos foi oferecido um almoço na varanda: pão,feito pela dona da casa,tabule e arroz com bacalhau.Sobremesas deliciosas: creme de chocolate e pudim de goiaba com ricota( a minha diabetes foi fechada no fundo da gaveta e esquecida, naqueles momentos).Quando descobri que a cozinheira era de São João del’Rei foi uma festa só: encontrar uma conterrânea em Saquarema e provando sua deliciosa comida! Depois do cafezinho,Iara nos presenteou,cantando “Lua branca” de Chiquinha Gonzaga.Sua voz cristalina e suave invadiu a tarde,invadiu o coração das pessoas e arrancou lágrimas e histórias compartilhadas. Evelyn, irmã de Roseana, é artista plástica e esteve o tempo todo conosco,participando com alegria. No fundo da casa amarela,um jardim.Lá fizemos a sessão de fotos. Livros de Juan Arias e Roseana foram distribuídos pelos anfitriões.Levei “Um por minuto” de Luís Gustavo ( meu filho mais velho) e coloquei dedicatória para todos: agradecimento pelos momentos perfeitos que dividimos. Às 15 horas ,como combinado,Fátima e Luís Cláudio vieram nos buscar.Despedidas chorosas! No caminho de volta ao Rio,só falávamos em Juan,Roseana,Evelyn e todo o grupo de professores. Em Minas revelei as fotos.Não me canso de olhá-las.Sorrio e faço sempre uma oração de gratidão.E me lembro de um artigo que li,depois que voltei para casa: a vida lhe faz convites inesperados e o que você responde? Eu disse SIM!SIM! E minha ousadia me proporcionou momentos que viverão em mim.Para sempre! ” Que trem é esse esse trem da minha vida que anda por trilhos de luar e abismo.”