E.M. Genésio da Costa Cotrim

Hoje recebi a E.M. Genésio da Costa Cotrim, de Itaboraí. Eram crianças de sete anos, totalmente adoráveis. Fazia frio e ventava, então, depois do momento pipi e do café da manhã, o jeito foi colocar todo mundo bem apertadinho dentro da sala. Ficou muito aconchegante. Brincamos com a minha poesia, conversamos, misturamos as nossas alegrias. Depois que nos aplaudimos ( eles adoram aplaudir) e nos abraçamos muito, levei as crianças para o jardim. Eles amaram as árvores de cravo e canela. Foram até o mar. Várias crianças não conheciam o mar. E depois partiram e ficou a saudade.

Convidado Especial

O motorista que trouxe os professores de Itaboraí se enrolou e chegaram um pouco atrasados. O Café foi o primeiro ítem da lista. O texto veio depois. Com uma convidada maravilhosa: Gilcelene Braga, assistente social. Ela trabalha com inclusão no Cemaee de Itaguaí. Um Centro criado para potencializar as Salas de Recursos da Rede. Seria interdisciplinar, Saúde e Educação. Toda a fala da Gil era centrada nas crianças “especiais” que deveriam estar incluídas na Rede e não estão. E quando estão o professor é colocado diante de uma situação difícil, quase sempre sem ajuda e esses Centros correm o risco da extinção. Os professores que estiveram aqui hoje deram depoimentos lindos e incriveis. Falaram das dificuldades de lidar com os autistas sem preparo para isso, falaram dos progressos . Falamos também sobre um outro tipo de educação, menos fabril. Que cada um tem seu tempo de aprendizagem e como seria belo poder respeitar esse tempo. Mas depois de falar tanto sobre inclusão e educação, uma professora disse: – Mas para fazer uma educação diferente precisamos ser sensibilzados. Queremos ouvir teus poemas! Li alguns poemas. Falei da construção de alguns livros. Tivemos um momento de autógrafos, de fotos. Os professores eram de escolas rurais e ganhei muitos presentes maravilhosos que vieram direto da horta que fazem com as famílias. Cenouras, abóboras, laranjas, tangerinas, doces, salsa e cebolinha. Minha cozinha e meu coração agora estão transbordando de cores.

EJA da E.M. Terezinha de Jesus Pereira

Hoje meu corpo era pequeno para aguentar tanta emoção. Desde o minuto em que o ônibus que trouxe a turma de EJA da E.M. Terezinha de Jesus Pereira, vindo de Itaboraí, encostou na minha porta e a alegria das pessoas e seu maravilhamento com o mar me tiraram do chão, até a hora da despedida, quando fui abraçada e abençoada por cada um. Ao chegar foram todos para o jardim onde Samuel , meu caseiro, mostrou as plantas e contou muitas histórias. Voltaram para o café. A mesa era farta, pois além do que preparei, muitas trouxeram bolos e até um empadão. Depois do café, veio o texto com as brincadeiras poéticas. Todos de pé ( e era muita gente), eu subi numa cadeira me fazendo de espelho . E enquanto eu lia o.poema Receita de se Olhar no Espelho, todos tinham que se arrumar. O último verso termina com a pergunta: ” Quem é você? ” E todos gritaram seus nomes bem alto, para o Universo ouvir. Fizemos uma Orquestra Noturna, do livro Caixinha de Música, brincamos de ditados populares, com meu livro ” Quem Vê Cara Não Vê Coração, e apareceram ditados incriveis! Rememoramos brincadeiras da infância, com o livro Brinquedos e Brincadeiras, e de poema em poema a ampulheta foi se esvaziando. Uma aluna me perguntou: — Por que você é tão alegre? E eu respondi: – Porque dá menos trabalho que ser triste. Essa turma de EJA é para alunos de 50 anos para cima. E a Escola oferece aulas de música e artesanato. Ganhei lindos panos de prato bordados. Deixaram a minha alma bordada.

Professoras de Itaboraí na Varanda

Hoje a varanda foi transformada numa sala com tapetes e poltronas para receber as Professoras de Literatura das salas de Leitura de Itaboraí de 2016, pelas mãos da Ana Paula Botelho e Rosane Paiva. Foi um dos encontros mais lindos e impactantes que tivemos aqui. Li o poema Guardador de Rebanhos do Fernando Pessoa para contar que esse poema fez uma amiga ter a sua filha, uma decisão que foi tomada ao ouvir o poema. Chorei muito ao ler o poema, quase não podia ler, pois o poema me trouxe para perto a amiga que amo e a sua filha, hoje uma bela mulher e é um dos poemas mais comoventes do mundo.. Contei essa história para mostrar a força de um poema, a força da literatura, que pode mudar o rumo de uma vida. Mas elas tinham lido meu novo texto Livros e Leitores que está no meu site em formato de e book. E hoje todo o encontro foi pautado por essa evidência: “A literatura é uma defesa contra as ofensas da vida ” Cesare Pavese. A literatura salva. Lemos poemas, um conto, muitas professoras contaram suas mais belas experiências e todas me disseram: “somos amadas nas escolas e ganhamos muitos presentes”. Falamos dos laços que a literatura faz entre as pessoas. Do agradecimento dos alunos por sentir que são acolhidos. E no final elas me entregaram um texto escrito a partir da experiência da leitura dos Livros e Leitores e chorei outra vez, porque era muita coisa ter um retorno desses. Eu tive que aguentar tanta dor por tantos anos, que quase não consigo chorar. Um amigo diz que choro por dentro. Que meus poemas são minhas lágrimas. Mas hoje chorei. Reproduzo um trecho do texto: ” Obrigada por nos oferecer essa linha tênue entre escritor e leitor, a qual, às vezes, julgamos intransponível. A proposta de conhecê-la era isso:permitir esse contato mais íntimo com o escritor.E você nos abre seus textos, sua poesia, a porta da sua casa literal e conotativa, a sua fala, com Café, Pão e Texto e nos alimenta de fantasia e de reflexões sobre a escola, a Literatura, nós. Nos presenteia com o lindo texto Livros e Leitores, cujo processo de construção da leitora/ escritora vai se revelando e nos fazendo pensar. Frases como: A escola sem literatura é cárcere; O trabalho com a literatura não é evento, é formação do leitor; A literatura é a janela; nos permitem ter consciência do nosso lugar de docentes de literatura e de professores que formam.leitores literários, de que podemos abrir a janela e atravessá -la. Hoje acordei muito cedo para fazer os pães. A mesa tão linda, cheia de iguarias e amor, só faz sentido quando os meus convidados se aproximam, fazem uma roda a sua volta . Hoje essas professoras maravilhosas. Como um livro só faz sentido quando é tocado pelos olhos de alguém. O meu Café, Pão e Texto, nessa manhã me devolveu algo tão grande, como se o mar tivesse trazido todas as suas baleias e cavalos marinhos até a minha porta para que eu pudesse chorar.

Escola Ducler

Pela primeira vez recebi uma turma de Ensino Médio em nosso Café, Pão e Texto. Monica Pimentel trouxe a turma do terceiro ano do C.E Ducler Laureano Matos, de Sampaio Correa, Saquarema. Entre poemas e um conto, conversamos sobre muitas coisas. Os sonhos e desejos de cada um. Sobre violência e paz, sobre o suicídio de dois jovens recentemente em Saquarema, sobre gravidez precoce, sobre amor. Perguntei a eles se já haviam participado de algum encontro assim e me disseram que não. Eram lindos. As meninas mestiças e negras com seus cabelos naturais, maravilhosos. Não faltaram cachos.O Professor Fábio leu um poema com ritmo de rap, um menino e uma menina leram meus poemas. Fiz um pão recheado. Bolos. Muito frio e vento. Precisei emprestar alguns xales para as meninas. Acho que ficamos todos felizes para sempre e eu torcendo para que eles consigam escolher o melhor caminho.

Café, Pão e Texto com a E.M. Francisco Luiz Gonzaga

Acordei cedinho para fazer os pães. Dia de receber a E.M.Francisco Luiz Gonzaga , de Itaboraí , para um Café, Pão e Texto. Crianças de 7 anos, lindas, maravilhosas, encasacadinhas por causa do frio. Um menino até veio de gorro e luva. Primeiro botei todo mundo para correr no jardim. Deram muitas e muitas voltas e uma menina disse que o jardim parecia uma floresta! Depois fomos para a mesa do café, cheia de bolos e pães. Eles amaram o meu pão. Uma menina disse que o pão era mais do que delicioso, era divino. Então brincamos de poesia e as crianças eram cheias de ideias, já liam muito bem, eram super participativas, foi maravilhoso brincar com elas, porque eu viro criança e depois é difícil desvirar. Os alunos trouxeram surpresas incríveis. Fabricaram massinha em sala de aula e fizeram todas as frutas do Abecedário (Poético) de Frutas! Ficou muito bom. Fizeram um livro-caixa-poema que é uma joia e pintaram um quadro. A entrega das surpresas foi emocionante. Todos queriam falar e me abraçar e me contar. Sorteei dois livros e as professoras ganharam dois livros cada uma. No portão, antes de entrar no ônibus para conhecer a Igreja, são tantos abraços e beijos, sou inundada por uma cachoeira tão grande de amor, que não sei como agradecer.

E.M. Roberta Maria

A E.M. Roberta Maria, de Itaboraí, encheu a casa de alegria. Vieram ao meu Café, Pão e Texto para um dia inteiro de sonho. Comecei falando da conferência que assisti do Saramago, onde ele dizia que alguns humanos fazem parte da tribo da sensibilidade. E li meu poema Tribo e todos nos sentimos parte da mesma tribo. Lemos juntos meu livro Coração à Deriva, ed. Rovelle, que estarei apresentando dia 16 às 14h no Salão do Livro no Rio de Janeiro. Falamos do mito das sereias, falamos de amor. Lemos alguns poemas do livro Quem Vê Cara não Vê Coração e nos lembramos de muitos ditados populares e seus significados. E quando li os poemas do Poço dos Desejos e perguntei dos sonhos e desejos de cada um, Vinicius , um menino lindo, me disse que seu maior desejo era ser aventureiro! Vir até a minha casa e depois almoçar ao ar livre na lagoa e visitar a igreja já é o começo da sua vida de aventureiro.

Café, Pão e Texto com Kalu Coelho

Cada encontro do Café, Pão e Texto me diz o caminho. Não tenho nenhum roteiro. Hoje recebi a Escola Municipalizada Onze de Junho pelas mãos das Professoras Prica Mota, Fabiana, Janaína, Lucine, Aldilea e o Motorista Sérgio. Um pouco antes do ônibus da escola encostar, a minha convidada especial chegou, Kalu Coelho, trazendo a Diretora de uma escola de Cabo Frio, Eunice e Lilian, professora. Kalu é musicista e professora de música em Búzios. O café da manhã já estava na mesa e eles comeram antes da gente começar a conversar, pois estavam com fome, vieram de Itaboraí. Eu havia acordado às cinco da manhã para preparar tudo. Logo ganhei um presente da escola: uma caderneta linda, mas a maravilha é que o presente vinha com um texto emocionante escrito por uma aluna, Aldaleia. Ela me diz: “ Seu poder Sonhador. Com tuas mãos fazes do mundo um melhor lugar.Grande poetisa que descreve tudo com letras. Você descobriu um mundo encantado. Onde nada faz sentido, porém tudo é belo. Onde cada palavra guarda um profundo significado. Onde sonhar se torna possível com papel e lápis. Você Roseana descobriu algo desejado como a alquimia. Você, minha cara, descobriu como se manter sonhando em um mundo virado ao avesso.” Kalu fez mísica para um poema do livro Poemas de Céu: Estrela Cadente. A sua música , lindíssima, emocionante teve um efeito indescritível em todos nós. As crianças aprenderam e cantaram o refrão. Fizemos a Orquestra Noturna, do livro Caixinha de Música, mas Kalu, depois do poema, perguntou se eles queriam fazer um temporal e ensinou várias maneiras de bater palmas. De olhos fechados eles fizeram um temporal. Perfeito. Brincamos com muitos poemas e Kalu explicou para eles o que era música instrumental. Explicou o seu processo de criação, como antes de compor há uma história ou alguém, há um sentimento, há o momento… E todos de olhos fechados, eles ouviram a maravilhosa música Amálgama. No final ela perguntou o que eles pensaram enquanto ouviam a música e Aldalea disse que pensou que essa música talvez tivesse sido feita para alguém, Aldalea havia pensado no pai, pois ontem fora o seu aniversário… Kalu disse que havia incrivelmente feito a música para um amigo que era como um pai, pro grande músico Guinga. Então falamos sobre a palavra amálgama, essa liga que estava unindo o grupo naquele momento. Hoje falamos de sentimentos e desejos. Kalu foi uma grande parceira e estou muito emocionada.

Rio das Ostras na Varanda

Café, Pão e Texto, uma ideia que deu certo. Abro a casa para receber escolas públicas e agora professores. A nossa manhã foi quente e luminosa. A Secretária de Educação Andrea chegou primeiro, junto com sua principal colaboradora, Lilia, que também é escritora. E me contou: Em Rio das Ostras há dentro da Secretaria de Educação um Departamento de Leitura e Arte. Isso faz toda a diferença. Todos sabemos que uma escola sem literatura e arte não existe, é uma escola morta, um cárcere. E esse Departamento não pode ser extinto pois foi votado pelos vereadores. Lemos um conto do meu livro Território de Sonhos. Um conto lindo e muita gente se emocionou. Perguntei: Vocês são anjos de quem? Pois o conto traz essa questão. Falamos de tudo um pouco. Do que é humano. Falamos de vida e de sonhos. E de resistir. Ganhei muitos livros e distribui o livro O Amor Possível do meu marido Juan Arias com Saramago. Algumas professoras são também escritoras. O afeto era um oceano vivo aqui na varanda. E a mesa do café estava linda! Com bolos, pão recheado, torta de legumes, beringela italiana… Agradeço o gesto maravilhoso da Secretaria de Educação, foi o mais lindo presente que recebi, as professoras e um professor. Obrigada.

E.M. Clotilde de Oliveira Rodrigues e o Coral Encanta Búzios

O entrelaçamento da, sob a batuta da Professora Delma Marcelo Dos Santos e do Maestro Moisés Santos, foi uma experiência única e maravilhosa. Preparei todo o café da manhã com as minhas mãos como se fosse a princesa fazendo o bolo no conto da Pele de Asno: com todo o amor. Primeiro chegou a escola e conversamos sobre a descoberta do Brasil, porque falamos português, sobre a África e a escravidão e a Van de Búzios chegou com o coral. Fizemos muitas brincadeiras com os poemas. O Coral cantou maravilhosamente para a escola. Depois lanchamos e quando a escola foi embora o Coral foi para o jardim onde li alguns poemas e conversamos e elas cantaram…e como nos contos de fadas fomos felizes para sempre.