Café, Pão e Texto

Hoje foi dia de feijoada no fogão de lenha na Casa Amarela. Ao invés de Café, Pão e Texto… feijoada, pão e texto. Com 30 professoras das Salas de Leitura de Itaboraí. Trocamos experiências e cada história era mais comovente que a outra. Hoje, não há nenhuma dúvida, ler e pensar e saber e se apropriar da nossa história, das nossas raízes, da nossa memória, é mais do que importante, é uma questão de sobrevivência. Era um rio de muito amor em nossa varanda. A Vanda Oliveira, Aline De Oliveira Oliveira, sua filha e nosso jardineiro Samuel foram incansáveis nos preparativos. Não tenho como agradecer. Depois da nossa roda de conversa e poesia, arrumamos o nosso ” restaurante” e todos ajudaram carregando pratos, copos e talheres. E a comida era magnífica. Fiz sorteio de livros. Paula Botelho dirige a sua tribo de Professores Leitores com garra e dedicação. Prica Motta chegou antes de todos para me ajudar. Katia Nascimento Rodrigues, que faz um trabalho incrível de leitura com seus alunos em Duque de Caxias, veio contar o que faz, atendendo ao me convite. E enquanto estivemos juntas, contando, fazendo fotos, comendo, rindo, brincando, éramos felizes para sempre!

E.M. Clotilde

A E.M. Clotilde, uma escola rural em Sampaio Correia, possui a mais linda Sala de Leitura que leva meu nome. Hoje tive a alegria de receber alunos leitores, porque o trabalho que Roseléa Olímpio faz é esplêndido e cada aluno da foto lê um livro por mês, no mínimo. A diferença se nota rapidamente. Eles escrevem bem e podem ler um poema assim de primeira, perfeitamente. Vieram lindos, arrumadíssimos, e estavam muito emocionados com esse encontro. Conversamos um pouco sobre o mundo e suas graves questões, lemos poesia, eles correram no jardim, e finalmente servimos o café da manhã, com a ajuda das Professoras. Acho que estava bom demais, pois não sobrou nada.

E.M. Beatriz Amaral

As crianças da zona rural de Saquarema, da E.M. Beatriz Amaral, chegaram muito tímidas. Quase não se conseguia ouvi-los. Fui conversando, puxando os fios da meada de muitas cores. Propus uma brincadeira em cima de um poema do livro Armarinho Mágico, Para Tocar no Rádio: que eles anunciassem no rádio do armarinho, que só transmite notícias maravilhosas, uma bela notícia. Quatro crianças vieram dar uma notícia, que era sempre a mesma: declaravam o seu amor por um amigo. Depois, na hora do café, começaram tão tímidos também, mas pouco a pouco foram se soltando e comendo e saíram correndo para o jardim, e correram, correram muito. A Professora Carla me disse que eles não são nada tímidos na escola, possuem uma grande consciência dos seus direitos e as meninas discutem feminismo! Antes, enquanto conversávamos, falei da importância dessa tomada de consciência. Falei dos passarinhos nas gaiolas. Se não entramos em contato com o seu sofrimento, essa prisão não nos afetará. (Aqui em Saquarema há um comércio imenso de passarinhos na gaiola.) Mas como ia dizendo, depois que correram muito pelo jardim, que comeram o pão que fiz quase inteiro e os bolos, pronto, já estavam no ponto. Perderam toda a timidez. O que me fez ter a ideia de mudar a dinâmica do Café. Com a próxima escola faremos isso: primeiro correrão pelo jardim para desmancharem a timidez e só então nos sentaremos em nosso círculo mágico . Na hora de ir embora me abraçaram muito até quase me esmigalhar. Uma cachoeira de amor! Na hora das fotos eu disse: vamos gritar uma palavra linda? Uma aluna disse: ALEGRIA! E todos gritamos alegria.

E.M. Dilza

Vou começar a manhã pelo final: Um almoço coletivo na E.M. Dilza, escola rural em Jaconé/ Ponta Negra/ Maricá. Famílias, professores e alunos, todo mundo misturado, ali, naquele mesmo espaço onde tantas manifestações artísticas aconteceram: música, teatro, poesia, dança. O palco foi desarrumado e as mesas foram trazidas e arrumadas com a ajuda de todos. As crianças da quarta e quinta série dessa Escola Rural Integral estiveram o ano inteiro em contato com a minha poesia. As apresentações foram cheias de alegria. Feito os girassóis do Van Gogh que as crianças pintaram e que cobria uma parede da escola. A escola tem aula de capoeira para todos e deram um show! É um Cabo da Polícia que é o Mestre e é adorado. Muitas crianças haviam estado num Café, Pão e Texto comigo e foi maravilhoso revê-los. Tantos abraços e tanto carinho. A E.M.Dilza tem uma Sala de Leitura que este ano recebeu meu nome. Tem um Ateliê de Arte. Tem um combinado lindo entre a Diretora Raquel e todos os alunos: A escola não precisa castigar. Todos possuem deveres e direitos e quem não cumprir deveres perderá direitos. É uma escola viva, onde a leitura é quem puxa a carruagem. Os alunos gostam de ler, sabem ler muito bem e a escola ensina a pensar. Cada vez que encontro uma escola pública que faz a Educação para a vida, agradeço. Elas existem. Agradeço imensamente a Lenilsa Matos essa manhã maravilhosa. O amor das crianças foi uma cachoeira de amor.

Colégio Estadual Desembargador Augusto

Passei a manhã no Colégio Desembargador, em Rio Bonito. É um Colégio Estadual imenso e vivo. Com mais de 1.200 alunos. Falei para 250 alunos e alunas do curso de formação de professores. Eles e elas arrumaram um cenário belíssimo, um caminho de plantas até o palco. Musicaram e cantaram alguns poemas. Falaram alguns poemas. Para começar li um poema do Carteira de Identidade e todos gritaram seu nome bem alto para o Universo ouvir. Chamei 3 pessoas ao palco. Perguntei o que para elas era um poema. Três respostas lindas. Uma delas disse que num poema você pode dizer o que não consegue dizer. Outra disse que um poema mexe com tudo o que se tem dentro, com o lado obscuro da alma. E a outra que um poema mexe com as emoções. Vaneli Chaves me apresentou como um oásis. Então eu falei da beleza que a palavra oásis carrega, de como precisamos ter uma reserva de oásis para momentos difíceis, para conseguir atravessar os desertos. Falei da beleza de algumas palavras. E pedi que me ofertassem palavras. Foi uma guirlanda de palavras maravilhosas, amor, amizade, paz e alguém, um rapaz gritou resistência. E sim, a poesia sempre é resistência. Então conversamos sobre muitas coisas. Eles e elas fizeram perguntas incríveis, plantaram ao vivo um vaso de plantinhas, ganhei uma orquídea e tomamos o mais belo café da manhã juntos. Eles e elas me encheram de esperança.

Café, Pão e Texto

Havia chovido muito de madrugada. Acordo sempre muito cedo. Com uma xícara de café nas mãos comecei a fazer o pão, a broa, o kibe… os bolos já havia feito ontem. Vanda Oliveira e Samuel chegaram, meus anjos. A mesa de café da família já estava preparada. E aí, depois de tomar café, Samuel me pergunta: – O encontro vai ser na varanda? Farejei o vento, a chuva era quase garoa, dava. Samuel arrumou o cenário. Arrumei a mesa. Coloquei todos os quitutes De repente desabou uma cachoeira e o vento enlouqueceu. Mudamos tudo para dentro. Recebo uma mensagem. Marcelo Pimentel diz que está em Saquarema com a mulher Pilar e gostaria de me visitar. Eu os convido para o encontro, sem me dar conta de que ele é o super premiado ilustrador. Logo eles chegam e são um casal lindíssimo ele e Pilar. Eu havia escrito um texto para o seu maravilhoso livro O Fim da Fila. Ele me trouxe de presente o livro A Flor do Mato, recentemente premiado na Rússia. Falamos de livros. Falar de livros virou signo de Resistência. Então as professoras e um professor chegaram, de Mesquita. Da Creche Municipal Tetracampeã. E foi tudo maravilhoso tintim por tintim. Começou com a mesa do café e foi tudo poesia e amor. Contei pra elas tantas coisas. Falamos de Educação, Leitura, Escola Pública. Paz. Delicadeza. Dos dons de cada um. Falei muito. Elas e ele me emocionaram demais. Ganhei um presente esplêndido que elas arrumaram com um requinte impressionante: Um saco grande de juta amarrado com uma corda onde havia três pérolas. Dentro do saco um pacote do mais maravilhoso café em grãos, uma xícara lindissima, um pacote de biscoitos artesanais. Meus leitores sabem que amo café, isso é público. Mas como elas sabiam que eu amo juta? Quando adolescente as minhas bolsas eram feitas de juta. Amo pérolas. No final de muitos poemas e brincadeiras, a chuva havia parado e pudemos fazer a foto no jardim. E Marcelo e Pilar puderam conhecer o Café, Pão e Texto.

E.M. Professor Achilles Almeida Barreto

Difícil escrever sobre o que aconteceu hoje na Escola Municipal Professor Achilles Almeida Barreto, em Cabo Frio. Desde março que as 500 crianças, de primeira até a quinta série, estão mergulhadas em muitos dos meus livros. As crianças puderam, através dos meus poemas, falar dos seus sentimentos mais profundos. Puderam entrar na cozinha e experimentar receitas e recolher receitas. E brincar de circo. E falar do mar. E as avós foram até a escola e ajudaram a montar a Casa da Avó. Escreveram, leram, criaram. Através dos meus poemas abriram a grande porta da imaginação e todos viraram escritores e artistas. As mais lindas instalações com o tema dos meus livros foram fabricadas. Hoje, a Feira do Livro era um dia de festa. E mais do que nunca há que celebrar o livro e a sensibilidade. Mais do que nunca o trabalho da Prica Motta deve ser louvado e o de todas as professoras e da Diretora envolvidas nesse ano de mergulho na poesia. Uma professora me contou: Os seus alunos leram Tantos Medos e Outras Coragens e puderam falar dos seus medos, que são muitos e das suas coragens. E um lhe disse: “Eu tenho coragem de um dia ser Professor!”

Sala de Leitura Roseana Murray

Hoje foi dia de festa na Sala de Leitura que leva meu nome, na ,E.M Clotilde de Oliveira Rodrigues, em Sampaio Correia, em Saquarema. Qual o motivo? Amor! Estavam querendo ver a pessoa que dá o seu nome para o lugar, que segundo eles e elas, é o paraíso da escola. Já na chegada um menino era o meu anfitrião e tive que passar por um corredor de crianças e jovens que cantavam para mim. Dentro da Sala de Leitura, que é linda, crianças declamaram meus poemas com fantasias, recebi corações com as mais belas declarações, declamaram seus próprios poemas. Depois fomos para a Sala de Multimeios, onde estava reunido o Clube de Poesia. A porta estava pintada de azul com uma janelinha amarela, com o número da minha casa. Estava fechada. Bati na porta. Abriram. E aí quase morri de emoção: fizeram instalações belíssimas com os meus livros. Cada espaço mais lindo que o outro. Três meninas estavam fantasiadas de três velhinhas tão velhinhas. Foi uma viagem incrível ao universo da minha poesia! Na hora de ir embora um grupo me agarrou e foi o abraço coletivo mais maravilhoso! Ninguém queria me largar!!! E por causa do livro Colo de Avó e Caixinha de Música, ainda ganhei uma miniatura de caixinha de música que é uma máquina de costura. PS: As crianças leram os poemas SUPER BEM!!! E estavam radiantes de felicidade.

Café, Pão e Texto

Hoje recebi 20 Professoras das Salas de Leitura de Saquarema, pelas mãos de Roseléa Olímpio. Como hoje também havia recebido uma nova tiragem do meu livro Qual a Palavra, resolvi de última hora que nosso encontro teria a paz como tema. Comecei falando como sempre sobre a importância que deveria ter a Sala de Leitura numa escola. Digo deveria, porque em muitos lugares não é assim. Basta olhar o IDEB. Roseléa leu o livro, na verdade um poema mais longo, pois estou com um problema nas cordas vocais e estou quase sem voz. A partir deste poema falamos das mil questões que envolvem essa pequena e imensa palavra. Propus um exercício escrito. Disse a elas que todos sabemos o que a guerra faz, mas e a paz? A partir dos textos lindos que escreveram, nossa conversa tomou um rumo bem diferente do que eu esperava: a paz interior. Como se busca essa paz? Onde encontrá-la? Então falei do documentário brasileiro que vi: O Tempo que o Tempo Tem, imperdível, tem na Netflix. Falamos do tempo, do nosso tempo e suas demandas… e poderíamos ficar aqui falando até o final dos tempos! Foi um encontro maravilhoso. E fomos então para a mesa do café.

Café, Pão e Texto

Com todo o frio e toda a chuva eles chegaram!!! O ônibus se perdeu e fiquei muito aflita. Mas a mesa já estava pronta e cheia de delícias e a alegria do nosso encontro era de todas as cores. Ganhei uma cesta cheia de maravilhas de Conceição de Macabu, mas as maiores iguarias foram as que ouvi . A Secretária de Educação, a Vivian, me contou: a Secretaria de Educação coloca a leitura como personagem principal em toda a rede. Os alunos têm aulas de teatro, capoeira, balé, jiu-jitsu, uma Escola de Música que possui um convênio com o Instituto Villa Lobos e a Secretaria de Esportes oferece aulas de canoagem e uma escola de futebol. Ela me diz que o Prefeito da cidade é completamente comprometido com as escolas. Fui escolhida como autora homenageada e a segunda Feira de Livros acontecerá a partir do dia 31 de agosto. Estão todos na maior felicidade me esperando. Fizemos o encontro dentro de casa e coube todo mundo. Falamos e falamos e li poemas e contei um pouco da minha caminhada. Um casal adorável veio fazer um vídeo, o Renato e a Elaine e ficou tudo gravado e registrado. Quando, depois da Feira, o vídeo ficar pronto, colocarei no meu site. A sessão de fotos aconteceu na praia e no jardim. Estou exausta, mas foi um encontro maravilhoso!!!