Clube de Leitura da Casa Amarela

Em nossos encontros do Clube de Leitura da Casa Amarela, antes da Pandemia, era oferecido um almoço. Desde cedinho eu fazia o pão e Vanda começava os preparos. Samuel me ajudava a arrumar a varanda, eu alugava mesas que eram cobertas com toalhas de chita que mandei fazer especialmente para os almoços do Clube. Era toda uma azáfama maravilhosa até que todos começassem a chegar. Não faltava vinho e a torta dos aniversariantes do mês e dos meses passados antes do encontro. A sala também era preparada para a ocasião. Éramos muitos. Uma tribo amorosa. Como transpor essa maravilha para o modo distância? Acho que consegui. Fazemos o encontro por zap. A roda de ontem foi aberta com a Canção da América na voz de Ana Cristina e Ronaldo no violão. É assim: Eu abro o encontro às 10h da manhã com uma brevíssima gravação. Depois vou chamando um por um, todos já com as suas gravações prontas, antes colocam uma foto e enquanto ouvimos a voz do leitor falando sobre o livro, comentamos digitando. São muitos leitores. Alguns moram longe, entraram no Clube porque o modo distância permitiu. O encontro vai de 10h até às 14h. Quatro horas sem intervalo! Cada voz com seu timbre, cada leitura trazendo novos pontos de vista. O livro lido foi A Pane, de Dürrenmatt. Recomendo com louvor. Fala de culpa, manipulação. Há um julgamento numa cidadezinha bucólica no interior da Suíça, uma bela casa, um quarteto de senhores viúvos e aposentados, a saber: um Juíz, um Advogado de Defesa, um Promotor, um Carrasco. Um banquete pantagruélico é servido. Um banquete macabro. O convidado, que chega até ali por causa de uma pane no carro, entra num jogo perigoso fazendo o papel de réu. É uma obra-prima. Dürrenmatt é um mestre.

E. M. Barro Branco

Hoje recebi 37 alunos e as Professoras Priscila e Viviane (maravilhosas e amorosíssimas), da E.M.Barro Branco, de Duque de Caxias, no meu projeto Café, Pão e Texto. Eram do quinto ano e simplesmente divinos. Preparei um café da manhã muito caprichado: Cachorro quente com batata palha (politicamente incorreto, mas as crianças amam), os meus pães caseiros, guacamole (que nem quiseram provar), quibe de forno, pasteizinhos de forno, bolo de chocolate, sucos e café com leite. Quando o ônibus encostou eles já haviam viajado por três horas e meia! Antes do café eu os convidei a correr pelo jardim sem sapatos. Depois do café brincamos muito de poesia. Com meu livro Caixinha de Música, que fiz com meu filho Guga Murray e Bom Dia! Dona Maria, Panela no Fogo Barriga Vazia, com as ilustrações do Caó Cruz Alvez. Mostrei a eles como virei personagem no livro. Eles sabiam muitos pregões de cor. Participaram ativamente, os olhos brilhavam, em nossas leituras interativas. Queriam ir ao mar, mas antes fizeram um juramento, que inventei na hora, em uníssono e de pé, pois este mar é realmente perigoso e requer obediência. Era assim: ” Juro, pela beleza do Universo que irei ao mar, mas obedecerei cegamente as minhas professoras, porque o mar é muito perigoso e posso morrer.” Por sorte havia um banco de areia e puderam molhar os pés. Para muitos era o seu primeiro encontro com o mar.

Escola Municipal Professor André Trouche

O que podemos fazer, nós, que não compactuamos com esse governo perverso? Ajudar a formar leitores que não se deixem enganar. Hoje recebi um grupo lindo de professoras da Escola Municipal Professor André Trouche, de Barreto, Niterói, para um Café, Pão e Texto A Escola vai do primeiro ano ao quinto e faz um belo trabalho. Além da Sala De Leitura cada sala possui a sua estante com livros e uma Professora de Arte é quem dirige a Sala de Leitura. Super ativa e criativa, faz saraus, Cafés Literários, atua junto a outros professores. Falei sobre o Calendário Poético e Clubes de Leitura para Professores. Passamos uma manhã de sonho, falando de práticas leitoras, da verdadeira Educação que é a que sensibiliza e transforma o ser humano num ser amoroso e compassivo. Falamos de escuta. Preparei um café com esmero. A temperatura hoje era amorosa também, era linda. Li alguns poemas. Enquanto durou fomos felizes para sempre! Que essa felicidade ocupe os quatro cantos da escola.

E.M. Professor Francisco de Paula Achiles

A E.M.Professor Francisco de Paula Achiles, de S.Gonçalo, chegou para o Café, Pão e Texto feito um vento de alegria. Primeiro desceram do ônibus e pararam extasiados olhando a ressaca. O mar estava com ondas monumentais. Eram misturados, gente do sexto ao nono ano e ensino médio. Foram direto para o jardim e ficaram alucinados com a sua beleza. Uma menina sabia reconhecer todas as plantas e falou da sua paixão pelas árvores. Quando voltaram para a varanda começamos com o pão e o café, pois vieram de longe e estavam com fome. A mesa estava linda e era um momento de pura delícia: bolo de fubá, de chocolate e de panetone. Pão caseiro e creme de gorgonzola, kibe de forno, café com leite e sucos. Sulamita, a professora que fez contato comigo, me disse que trouxe os alunos que amam a Sala de Leitura. É depois do café vieram os textos. Lemos muitos poemas, apresentei meus livros novos, falei sobre a feitura de cada um, eles leram poemas deles, me contaram como era a escola, falamos sobre absolutamente tudo, a vida, o mundo. Uma aluna faz Slam e falou um poema incrível. Eram pulsantes, vivos, desejantes ,carinhosos e cuidadosos uns com os outros. Algumas alunas leram por mim alguns poemas, pois já eu já estava sem voz. Liam muito bem. As professoras emanavam orgulho do belíssimo trabalho que fazem com estes jovens. Perguntei até que horas podiam ficar e me responderam: Até sempre. Ninguém queria ir embora! A gente sabe quando a escola faz um lindo trabalho. As crianças e jovens são o sintoma da escola. Estes jovens são maravilhosos. A escola e as professoras estão realmente de parabéns. Eu me apaixonei por eles. Mas acho que a paixão foi recíproca.

São CIEP 384

Hoje foi o dia do São CIEP 384, de São Vicente, uma cidadezinha linda, perto de Araruama. Alunos do Ensino Médio do curso de Empreendorismo. Chegaram com o meu livro Corpo e Amor (ed. Gradiva) nas mãos e um sorriso maior do que o ônibus que os trouxe. E eu tinha uma surpresa maravilhosa para eles: o mímico Jiddu. K. Saldanha. Depois do Café e do Pão, na hora do Texto, eu e Jiddu fizemos a leitura do meu livro Maria Fumaça Cheia de Graça. Eu com palavras e ele com gestos. Foi incrível!!!! E conversamos sobre o livro Corpo e Amor, fomos desenrolando linhas coloridas, tantos fios e conversamos sobre tantas e muitas coisas. Alguns alunos vieram até a frente da plateia para ler um poema. É muito bom ouvir o meu poema em outras vozes. No final o mímico fez uma cena linda sobre o desenrolar da vida… emocionante. Cada encontro é único.

E.M Simar Machado Sodré

Hoje a chegou na minha casa com uma orquídea e as crianças mais maravilhosas do mundo e a viagem de Rio das Ostras até Saquarema demorou muito. Havia obras na estrada. As Professoras Marilene, Juanita, Alessandra, Luzia, Dulce e Kellrem fazem um trabalho tão extraordinário que vou levar muito tempo para me recuperar da emoção. Toda a força da Escola Simar nasce da sua Sala de Leitura, que havia sido desativada e as professoras conseguiram recuperar. É impressionante a força e a luz destas professoras. As crianças eram magníficas, lendo com total fluência e propriedade. Elas me trouxeram uma surpresa: Como atores e atrizes profissionais, encenaram em cima do tapete uma peça que era a junção de poemas do meu livro Colo de Avó e Um Avô e seu Neto. Uma montagem LINDA!!! Com figurino e tudo. Posso afirmar que essa escola está salvando 743 crianças com teatro, livros, poesia! Perguntei para as crianças o que havia de bom na escola e a resposta foi unânime: A Sala de Leitura e as Professoras. Os alunos que vieram eram da terceira, quarta e quinta séries. A escola termina na quinta e quem vai embora está muito triste, me contaram. Fizeram poemas incríveis inspirados no Colo de Avó. Eram crianças muito sensibilizadas. Um sonho. E adoraram o café da manhã e ganhei tantos milhões de abraços e beijos que irei levitar por muito tempo.

Café, Pão e Texto

Esta foi a minha semana da sorte. Ganhei três grandes prêmios. 1 – No dia 2 recebi uma escola maravilhosa de Duque de Caxias e já contei aqui o que aconteceu. 2 – Ontem foi a estreia do filme Luneta e Bia Hetzel escolheu meu poema para abrir seu primeiro filme de rara beleza. 3- Hoje recebi uma turma de 30 crianças e jovens do Educandário do Bem de Saquarema, de 7 a 13 anos, de 7 escolas diferentes: do primeiro ao nono ano: Escolas Municipais Menaldo, Margarida, Anízia, Padre Manoel, Luciana, Jd.Ipitangas, Teófilo. Este ano Fátima Alves, que dirige a ONG que trabalha no contra turno, decidiu colocar toda a ênfase na Sala de Leitura e o que vi hoje superou TODAS as minhas expectativas. Eles eram incríveis!!!! Começamos conversando sobre sentimentos tóxicos e sentimentos maravilhosos. Fizemos uma lista dos dois. Falamos do que nos faz humanos, falamos de como ler nos ajuda a desenvolver a empatia. Falamos de bulliyng e suicídio. Falamos um pouco de tudo. Lemos poesia. Eles leram poesia. A minha e a deles. Brincaram no jardim. Enlouqueceram com o meu pão. Foi um presente monumental esta tarde com eles. Estou plena. Cheia de alegria. O Educandário faz um trabalho esplêndido que complementa as escolas do seu entorno. Essas crianças leitoras e estes jovens leitores, que se tornaram leitores graças ao trabalho do Educandário, poderão ajudar na imensa tarefa, gota a gota, de mudar o mundo.

E.M. Pedro Paulo da Silva

A E.M. Pedro Paulo da Silva marcou um Café, Pão e Texto. Mas de Duque de Caxias até Saquarema são duas horas e meia de viagem ou três. E a Escola me perguntou: – Dá pra gente levar o almoço e você arruma um lugarzinho no jardim para eles comerem? Então troquei a palavra CAFÉ pela palavra ALMOÇO e eles amaram tudo o que a Vanda preparou. Depois da corrida e brincadeiras no jardim, depois das brincadeiras poéticas, todos juntos arrumamos um Restaurante na varanda! Que lindos e maravilhosos os meninos e meninas e professoras! Encheram de seiva boa o meu coração.

E.M. Alcebíades Afonso Viana Filho

Começo pelo final: Antes de ir embora as crianças foram até o mar e viram uma baleia e seu filhote passeando. O mar estava tão azul. Eles ficaram loucos de felicidade. Agora volto para o começo: Hoje recebi uma escola rural de Maricá: A E.M. Alcebíades Afonso Viana Filho. Já aprendi: antes de tudo ofereço o jardim, para que corram e respirem a beleza das orquídeas. Depois nos sentamos na varanda e lemos poemas e brincamos de poesia. Aí veio o momento das perguntas, dos autógrafos num pequeno livro que produziram com meus poemas. E finalmente o Café. Fiz uma focaccia com gosto de pizza. E para terminar foram até a praia e arremataram o passeio com a felicidade de ver uma baleia. Muitos queriam ficar aqui para sempre. Até as professoras! Outros me disseram que nunca mais irão se esquecer deste dia. Eram da quarta e quinta séries.

Receita de Pão e Amor

Hoje vivi uma experiência maravilhosa e inédita: dei a minha primeira aula de pão e poesia, dentro do meu Projeto Café, Pão e Texto. A turma do último ano do CIEP de Bacaxá veio em pequeno número. Eram 15. Quando chegaram eu já havia estendido um plástico transparente na mesa e todos os ingredientes já estavam em fila, esperando. O que era necessário: – Um bol grande de cerâmica – Fermento seco em pó – Sal – Água fria. – Azeite Coloquei 2/3 de um quilo de farinha no bol, 2 pacotes de fermento para um quilo de farinha e mexi, depois coloquei o sal. Abri um buraco na farinha, como se fosse um vulcão. Despejei o azeite neste buraco. Uma aluna foi vertendo a água até unir todo a massa. Depois da massa unida, forrei a mesa com farinha onde a despejei. Todos os 15 alunos e a Professora Elaine estavam em volta da mesa. Começamos a amassar o pão com a farinha restante para dar o ponto. Cada aluno amassou um pouco. Fizemos uma bola com a massa e deixamos descansar num bol . Cobrimos a massa com um plástico. Amassamos outro pão, esse com cúrcuma na massa. Depois que a massa cresceu, a afundamos com a mão. Quando cresceu novamente, forramos outra vez a mesa com farinha e abrimos a massa do primeiro pão e recheamos com línguiça e muzzarela. O mesmo processo para o segundo pão, de cúrcuma, mas esse não recheamos. Enquanto os pães assavam, contei para eles toda o caminho do livro até a sua publicação. Depois li alguns poemas do Corpo e Amor, ed Gradiva. Quando terminava de ler um poema, alguém falava do que sentiu. E pediam outro! Falamos da diferença entre poesia e prosa. Falamos de tudo! Machismo, violência, racismo, homofobia, preconceitos, amor, amizade. Falamos da diferença entre erotismo e pornografia. Falamos da desigualdade social no Brasil. E o que podem fazer para seguir adiante: ler, estudar. Os pães saíram do forno: perfeitos, maravilhosos. Foram comidos até a última migalha, com manteiga, requeijão, azeite, mel, tomate ralado. Sucos e café com leite. Eu hoje estava sozinha, sem a ajuda da Vanda e eles tiraram a mesa, lavaram a louça, foram incríveis e se sentiram em casa. A minha emoção e amor por eles não tem medida. Que todos os belos desejos que expressaram aqui na varanda, possam se realizar. Um jovem disse: “Quero um dia comprar uma casa para a minha mãe. É o que me move.” É o meu desejo que seus desejos se realizem. PS: Essa é a turma do último ano do CIEP 258 AUTROGILDO PEREIRA. TURMA 3001 INTEGRAL. Este ano se formam em técnicos em administração com ênfase em empreendorismo.