Maria Suely Moreira

Prezada Roseana, Que privilégio ter acesso à sua obra URDIDURAS. Sou-lhe muito grata por esse desprendimento. Você disse algo como ter sido uma ousadia se parear com Guimarães Rosa. E foi mesmo. Sou absolutamente fascinada com ele e confesso que a princípio estava duvidando do seu trabalho. Qual não foi a surpresa quando tive a grata oportunidade de apreciar o seu livro. Ainda bem que você teve essa ousadia. Deu muito certo. Fiquei simplesmente encantada, embasbacada com tamanha sensibilidade artística, inclusive em relação ao trabalho de sua irmã. Parabéns a vocês duas e a todos que participaram dessa obra prima. Por favor, me avise se houver alguma chance de obter o livro físico. Seria uma preciosidade para mim. Obrigada mil vezes e parabéns pela façanha bem sucedida. Maria Suely Moreira Belo Horizonte

Clube de Leitura da Casa Amarela

O Passeador de Luciana Hidalgo foi o livro lido e discutido pelo Clube de Leitura da Casa Amarela. O livro apaixona do título até a última linha. Afonso Lima Barreto nos leva com ele pelo Rio de Janeiro do comecinho do século XX, em suas andanças pelo centro da cidade que começa a ser demolido para ser reconstruído nos moldes de Paris. Os tambores das Senzalas ainda ecoam. O apartheid social é nítido. A Elite fala francês. Passeamos com ele em sua dor. Entramos em bondes, sebos, livrarias da moda, Confeitaria Colombo, becos, botequins…vamos juntos até a sua casa no subúrbio. Vivemos com ele seu progressivo alcoolismo e o tédio do trabalho na repartição, as humilhações. O medo da loucura do pai estar em seu sangue. Vivemos com ele o que não sabemos se é verdade ou delírio, na tênue linha que divide o real da loucura. Com seus pés andamos noite adentro e quando terminamos de ler, a sua dor é nossa.

Encantamentos

Rose, Cris e Evelyn, Só agora pude me debruçar sobre esses encantamentos produzidos por vocês. Eu queria estar inteira e sem distrações para mergulhar na leitura. Este ebook é como um rio com toda a potência das águas; é como uma floresta inteira plena de pássaros e raízes; é como uma montanha majestosa diante da qual nos calamos em reverência; é fogo ancestral que alumeia e aquece. É céu e chão, profundeza e leveza. Beleza em prosa e poesia em estado puro como o barro cru. O entrelaçamento da arte de vocês três não poderia ter outro nome: Encantamentos. Merece ser impresso em papel, um livro de arte para inundar os leitores de delicadeza. Um livro para ficar na cabeceira, ao alcance da mão e do coração. Só posso agradecer por tanto. E dizer, com orgulho, que são meus amigos que produzem tamanha preciosidade. Edith Lacerda

Clube de Leitura da Casa Amarela em 05/12/2021

Carta ao Pai, de Franz Kafka, foi o livro escolhido para nosso encontro ainda virtual de dezembro. Ler o livro é uma maneira magnífica de nos aproximarmos ou reaproximarmos da obra de Kafka por dentro. Ele abre as suas entranhas nessa carta absurdamente densa, bela, terrivel, triste,que nunca foi entregue. Não é fácil. Somos sacudidos de um lado para outro diante do despotismo do pai como se estivéssemos em mar bravio, a deriva. É um livro que ao falar do autoritarismo do pai diante da criança, ao falar do seu poder, está falando de todas as tiranias, está faĺando de milhões de infâncias. A criança sensível, desamparada que foi Kafka, aterrorizada, envergonhada, reverbera não só na sua vida, mas em toda a sua obra. A partir do pai ele pode escrever o absurdo que é o mundo e com sua escrita límpida ele nos desvela as horríveis engrenagens do poder e da burocracia que ignora o humano. Os relatos dos leitores foram magníficos. Reflexões intensas sobre amor e ódio, sobre o Mal, a maneira com que lidamos com pais e filhos. Alguns escreveram cartas aos próprios pais para falar de Hermann Kafka. Hoje nos emocionamos muito. Kafka soube como ninguém nos colocar em lugares irrespiráveis. Viajar com ele é uma difícil aventura.

Clube de Leitura da Casa Amarela

Às vezes um livro inacreditavelmente belo, de repente, chega em nossas mãos. O encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela com O Som do Rugido da Onça de Micheliny Verunschk quase não pode ser contado em língua de gente. Micheliny, como historiadora e poeta, nos leva até o princípio do mundo, nas tradições indígenas, nos leva até a Munique do Século XIX, a bordo das duas crianças que sobreviveram a una viagem terrível, embarcadas como coisas por dois cientistas, junto com espécimes da fauna e flora da Floresta Amazônica, para serem exibidos diante dos europeus. Micheliny sabe que o tempo é um contínuo e nos traz de volta até hoje, dentro do corpo e da mente de Josefa, que num susto, ao ver a imagem das duas crianças, uma Juri e a outra Miranha, numa exposição, se desloca até as suas raízes profundas. Vai buscar a sua onça. Ouve o seu rugido atravessando o tempo. O livro levanta um leque impressionante de questões e ao mesmo tempo somos mergulhados numa escrita que é de beleza e sonho, totalmente onírica, testemunha dos milagres que se pode fazer com a linguagem. E então entendemos a língua da onça, a língua dos rios. Micheliny consegue traduzir sensações e miragens, com tanta força, que é como se viajássemos nas várias camadas de tecido do tempo, seda-veludo-algodão-dor-luz e sangue. Nesse encontro virtual, sem imagem, apenas as vozes de cada um, como um sussurro, atravessava o espaço e nos contava como cada leitor viveu a experiência deste livro fascinante. A autora esteve presente. Participou do encontro. Houve música, memórias, num ritual que se repete a cada dois meses em torno de um livro. A literatura como banquete. E levaremos para sempre o som deste rugido da onça, essa força necessária para vivermos o presente. Roseana Murray

E. M. Clotilde de Oliveira Rodrigues

Primeiro encontro do Café, Pão e Texto com a E. M. Clotilde de Oliveira Rodrigues, Escola rural de Sampaio Correia, Saquarema. A partir do meu livro Tantos Medos e Outras Coragens, ed.FTD, Medos e Coragens foi o tema principal. Também conversamos sobre manipulação, e como um bom leitor não se deixa manipular. Falamos sobre gravidez indesejada na adolescência, já que são adolescentes. Falamos sobre ódio e amor. Duas alunas leram poemas. O livro Desejo de Árvores e Pássaros foi sorteado. Foi uma conversa corajosa, já que muitos temas hoje são tabus e vejo muitas adolescentes grávidas em Saquarema. Todos estavam vacinados, menos uma aluna que irá se vacinar amanhã. Foi um lindo encontro e desejo muito que eles tenham levado os temas que abordamos para reflexão. Hoje precisamos ser corajosos. O momento exige. E nos posicionarmos. Não se pode fingir que nada está acontecendo. O meu pão recheado saiu maravilhoso. Lilia, filha da Vanda, meu anjo da guarda, fez as coxinhas de galinha, e confesso que desta vez comprei os bolos prontos, bem caseiros, na padaria do mercado da esquina, pois meus bolos são temperamentais, às vezes dão certo e outras vezes não. O dia está chovendo e nem puderam ir ao jardim ou ao mar. Mas para eles, acho que foi algo próximo a uma aventura.