Clube de Leitura da Casa Amarela

De dois em dois meses abro as portas da minha casa, desde 2010, para a mais bela comemoração em torno de um livro escolhido por mim. Desta vez lemos HAMNET, de Maggie O’ Farrel. Com os poucos elementos que tinha, Maggie nos traz a mulher de Shakspeare, Agnes, uma mulher selvagem, singular, conhecedora das ervas, curandeira, com todos os instintos afiados. A maestria da autora é imensa, no tempo de duração da leitura, habitamos o coração de Agnes, vivemos sua vida, suas alegrias, seu luto, suas adivinhações, premonições. As relações entre irmãos, mãe e filhas, sogra e nora, são esmiuçadas como quem olhasse com uma lupa, as contas de um colar. O mapa de Londres se desenrola diante de nossos olhos, sob as patas dos cavalos. Shakespeare nunca é nomeado, é aquele que parte para exercer seu dom. Tudo foi discutido pelo grupo dos leitores do Clube de Leitura da Casa Amarela, apaixonadamente. Depois veio a feijoada da Vanda. Eu jamais poderia fazer esse encontro sem a Vanda, sua filha Liliam e Samuel. São meus ajudantes guardiões. Todos brindamos. As taças tilintaram. Sinos pela literatura e pela vida.

Roseana, Básica e Transcendental – Rafael Santana

Rafael Santana Resumo Resumo: Este ensaio examina a livro Emaranhado de Roseana Murray, destacando a sua complexidade poética e metapoética. Adentra, ademais, a interseção entre vida e poesia, explorando as interlocuções da autora com a sua expressividade artística. Analisa ainda poemas específicos, ressaltando, por exemplo, a simbologia da lua e do pão, a relação entre feminilidade e poesia, além de estabelecer uma articulação psicanalítica com temas quer freudianos, quer lacanianos. Aborda também a importância de ouvir o silêncio em meio à tagarelice do século XXI e destaca a habilidade da autora em transitar por entre o sombrio e o luminoso, sempre a regressar com uma mensagem de esperança em meio às caóticas – e não poucas vezes mortíferas – cenas da vida contemporânea. Por meio de um exercício metapoético, Roseana Murray perscruta a sua visão tanto sobre o processo de escrita quanto sobre a existência, condicionados, claro está, ao gesto de pensar, enquanto poeta, o seu lugar de humanidade e na humanidade e, por conseguinte, a sua própria finitude. Abstract: This essay scrutinizes the complex poetic and metapoetic tapestry of Roseana Murray’s book Emaranhado. It also ventures into the intersection between life and poetry, examining the author’s profound dialogues with her artistic expression. Moreover, it undertakes a detailed analysis of specific poems, highlighting, for instance, the symbolism of the moon and bread, the intricate relationship between femininity and poetry, and establishing a psychoanalytic articulation that engages with both Freudian and Lacanian themes. Additionally, it explores the significance of silence in the midst of the chatter of the 21st century, emphasizing the author’s ability to navigate between the shadowy and the luminous, consistently returning with a message of hope amidst the chaotic – and often deadly – scenes of contemporary life. Through a metapoetic exercise, Roseana Murray scrutinizes her vision of both her writing process and her existence, conditioned, of course, by the inherent gesture of grappling with her place in humanity and within the human experience, leading inevitably to a profound exploration of her own finitude. Texto completo: BAIXAR PDF PARA LEITURA

E.M. Anizia Rosa

A E.M. Anizia Rosa, que já tem 42 anos chegou com as crianças da 5° série, todo mundo bem feliz, com as Professoras e Monitoras Luciana, Amanda, Karine,Ana Cláudia e Brenda. Chegaram feito passarinhos , lindos, todos me abraçando. Ninguém se sentou no tapete com as almofadas, e eu perguntei: “Ninguém gosta de tapete voador?” E quase todos voaram pro tapete. A mesa do Café estava posta, mas perguntei se antes não queriam correr pelo jardim. Em um segundo voaram todos para o jardim. Hoje fizemos cachorro-quente, quem resiste? E meu pão recheado com muzzarela, bolos, sucos, leite com chocolate. Brincamos com alguns poemas e perguntei se eles sabiam o que era um haicai. Alguns disseram que era uma luta. Expliquei o que era um haicai e li alguns do livro Arabescos no Vento e eles amaram as imagens poéticas. Sorteei livros e eles trouxeram A Teia das Águas que eu e Bia Hetzel escrevemos, para autografar. A última atividade era ir até a praia sem entrar no mar. Foram até a beira, o mar estava calmo. E depois ficamos por ali, eles sentados em grupo na vegetação rasteira de restinga, catando flores e conchas, falando. O ônibus demorou muito a chegar para buscá-los e ninguém quis voltar pra casa. E era fantástico estar entre eles, ouvindo as conversas, conversando também. Às 12h em ponto o ônibus chegou e voltaram para a escola.