Querida Roseana. Desculpe a demora em lhe responder, mas além de outras múltiplas tarefas e viagens, esta se deu pelo fato de ter lido e relido o seu livro, suavemente, literalmente me deliciando, pois dessa vez você se superou, com uma poesia que não é sòmente para ler em casa e sim em cada lugar onde se possa ir, viajar, viver enfim e comemorar a maravilha do cotidiano. Em você a poesia perpassa todos os reinos e hierarquias. Ela é mineral, pois densa e seca as vezes , como as pedras, com relevos inéditos em sua geografia. É etérica pois esbanja vitalidade , numa torrrente , avalanche , numa verdadeira enchente , desaguando versos em grande velocidade. É anímica ou astral, pois traz consigo um poço de desejos e tormentas revelado as vezes de forma sutil , outras de forma explícita , mas sempre com ritmo e harmonia singulares e de incrível riqueza. E , por fim , emana profunda da consciência, da verdadeira intimidade do Eu, trazida em parceria com o sentimento do mundo e de suas cercanias.
Como disse, dessa vez você se superou , com uma poesia , eu diria, quântica, alternando ondas e partículas na incerteza dos caminhos da energia, num oceano cósmico de possibilidades e dimensões invisíveis, apenas sentidas por quem a lê.
Sim , Poesia pra se ler, pra se ter sempre imanente no fundo oculto de nós mesmos, para que a possamos reler sempre que a vida parecer eclipsarse.
Arnoldo de Souza