A poética de Roseana Murray flui tão genuinamente em sua harmonia verbal, que se instaura em nós como uma conversa iluminada.
Há nela uma densidade que não é de pedra nem de fúria, mas de brisa, porque porosa em nos aconchegar.
Neste seu Diário da Montanha, fala de pedras com palavras-nuvens; fala de vento com palavras-lume.
Desata os sentidos e as camadas por onde o mistério das coisas se oculta. Trata-se de uma poesia inaugural em que as costuras conceituais não se exibem para denunciar citações. Sua voz sopra de uma paisagem sintática unicamente sua, como uma fonte que só para ela brotasse.
Daí a sua enorme aceitação junto ao leitor, semelhante aos ancestrais da sua família poética, como Manoel Bandeira, Cecília Meirelles, Mário Quintana e Manoel de Barros.
Salgado Maranhão