Carta ao Pai, de Franz Kafka, foi o livro escolhido para nosso encontro ainda virtual de dezembro.
Ler o livro é uma maneira magnífica de nos aproximarmos ou reaproximarmos da obra de Kafka por dentro.
Ele abre as suas entranhas nessa carta absurdamente densa, bela, terrivel, triste,que nunca foi entregue.
Não é fácil. Somos sacudidos de um lado para outro diante do despotismo do pai como se estivéssemos em mar bravio, a deriva.
É um livro que ao falar do autoritarismo do pai diante da criança, ao falar do seu poder, está falando de todas as tiranias, está faĺando de milhões de infâncias.
A criança sensível, desamparada que foi Kafka, aterrorizada, envergonhada, reverbera não só na sua vida, mas em toda a sua obra.
A partir do pai ele pode escrever o absurdo que é o mundo e com sua escrita límpida ele nos desvela as horríveis engrenagens do poder e da burocracia que ignora o humano.
Os relatos dos leitores foram magníficos. Reflexões intensas sobre amor e ódio, sobre o Mal, a maneira com que lidamos com pais e filhos.
Alguns escreveram cartas aos próprios pais para falar de Hermann Kafka.
Hoje nos emocionamos muito.
Kafka soube como ninguém nos colocar em lugares irrespiráveis.
Viajar com ele é uma difícil aventura.