O encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela se deu num dia de sol e muito calor e no primeiro parágrafo do livro de memória do Elias Canetti, o vermelho é a cor dominante e a língua do menino é quase cortada.
Nem sentíamos calor, mergulhamos na beleza do livro, sua infância na Bulgária, numa família de judeus sefaradis que falava LADINO e búlgaro. A Espanha perdida era sempre saudade.
Em Ruschuk, a cidade natal banhada pelo Danúbio e atravessada por muitas línguas e culturas, árabes, ciganos, romenos, a família de Elias era como uma cidadela e o pequeno aí pôde ver o cometa Halley.
Discutimos as cenas na medida em íamos nos lembrando… a partida para Manchester, a relação de Elias com o pai, que fez sua primeira formação literária. A vasta cultura da mãe. A morte do pai.
A relação quase incestuosa, violenta e complicada com a mãe.
Elias aprendeu a língua alemã de uma maneira terrível, com a mãe como sua mestra. Mas foi a mãe quem lhe deu os autores mais magníficos, e foi o ciúme de Elias quem impediu a mãe de casar-se.
Atravessamos a Primeira Guerra, os ódios familiares, o fim do Império austro-húngaro como pano de fundo até a última página onde Elias parte para Berlim e para o leitor que quiser seguir há a continuação em outros dois livros:
Uma luz em meu ouvido e o jogo dos olhos.