Rafael Santana
Resumo
Resumo: Este ensaio examina a livro Emaranhado de Roseana Murray, destacando a sua complexidade poética e metapoética. Adentra, ademais, a interseção entre vida e poesia, explorando as interlocuções da autora com a sua expressividade artística. Analisa ainda poemas específicos, ressaltando, por exemplo, a simbologia da lua e do pão, a relação entre feminilidade e poesia, além de estabelecer uma articulação psicanalítica com temas quer freudianos, quer lacanianos. Aborda também a importância de ouvir o silêncio em meio à tagarelice do século XXI e destaca a habilidade da autora em transitar por entre o sombrio e o luminoso, sempre a regressar com uma mensagem de esperança em meio às caóticas – e não poucas vezes mortíferas – cenas da vida contemporânea. Por meio de um exercício metapoético, Roseana Murray perscruta a sua visão tanto sobre o processo de escrita quanto sobre a existência, condicionados, claro está, ao gesto de pensar, enquanto poeta, o seu lugar de humanidade e na humanidade e, por conseguinte, a sua própria finitude.
Abstract: This essay scrutinizes the complex poetic and metapoetic tapestry of Roseana Murray’s book Emaranhado. It also ventures into the intersection between life and poetry, examining the author’s profound dialogues with her artistic expression. Moreover, it undertakes a detailed analysis of specific poems, highlighting, for instance, the symbolism of the moon and bread, the intricate relationship between femininity and poetry, and establishing a psychoanalytic articulation that engages with both Freudian and Lacanian themes. Additionally, it explores the significance of silence in the midst of the chatter of the 21st century, emphasizing the author’s ability to navigate between the shadowy and the luminous, consistently returning with a message of hope amidst the chaotic – and often deadly – scenes of contemporary life. Through a metapoetic exercise, Roseana Murray scrutinizes her vision of both her writing process and her existence, conditioned, of course, by the inherent gesture of grappling with her place in humanity and within the human experience, leading inevitably to a profound exploration of her own finitude.