Fiz couscous marroquino, uma referência ao Marrocos. Os outros pratos eram de comida bem brasileira: arroz, feijão mulatinho, carne moída com linguiça em molho de tomate, abóbora e salada verde. Fiz pão. Muitos trouxeram prosecco, pois fazia um calor terrível.
Nosso livro, Sonhos de Transgressão, nos levou para o harém, em Fez, no Marrocos, onde nasceu a autora Fatima Mernissi.
Na verdade conhecemos dois tipos de harém, um monogâmico, na Medina, na cidade e outro no campo, com várias mulheres e um só marido.
Eram os anos quarenta e o Marrocos estava mudando. Uma fatia da sociedade já rejeitava a poligamia como um costume bem atrasado.
Fátima Mernissi, coloca a si mesma criança como narradora. Ela e seu primo Samir querem entender aquele mundo. Eles se perguntam e a todas as mulheres, o que é um harém, por que as mulheres não podem sair, porque tantas fronteiras?
Não andamos muito pelas ruas da Medina, pois já que as personagens mulheres não podiam sair, ficamos juntos, leitores/as/personagens, no terraço onde se contavam histórias, se desenhava, se fazia teatro, se aprendia a voar.
Se aprendia a desejar outras possibilidades de vida. Sonhos de Transgressão.
O que faz Fatima Mernissi é exatamente isso:
Ela nos coloca lá dentro do harém da cidade, onde todas buscam os momentos mágicos da desobediência, quando se ouve rádio, as cantoras do momento, o que não é permitido. A estadia no harém do campo também é belíssima, sem portões que fechassem o harém, mas com fronteiras respeitadas, apesar de invisíveis.
Sabemos que Fatima Mernissi estudou, saiu do harém, cumpriu o sonho de liberdade de sua mãe, de sua avó.
Trouxemos para o encontro poemas marroquinos. Nosso leitor francês levou um poema de uma poeta palestina. Os poemas que foram lidos eram muito bons.
Para ousar o voo, num momento de opressão, poesia, literatura, música, teatro, arte!
Edith Lacerda abriu o encontro contando a história de Sherazade. Edith é contadora de histórias e foi um grande deleite.
PS: Agradecimentos a Vanda Oliveira , Lilia, sua filha, Samuel, nosso jardineiro, por tudo o que fazem para que tudo dê certo, no encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela.