Para Roseana Murray
Você escreveu, Roseana!
Avesso
Quem sou eu em meu avesso?
Que urdiduras na sombra
Que tramas secretas
Num quarto escuro de mim?
Quem sou eu
Quando durmo
Ou quando, de olhos abertos,
Me remeço para o futuro,
Saltando ilhas e desertos?
Quem sou eu
Quando me confundo e tropeço
Alço voo e mergulho? (Roseana Murray)
Poema com um eu lírico, você própria, Roseana?!
Ou um eu lírico nós todos?!
Importa, não!
A gente vai brincar de tentar responder,
Com carinho e respeito, para você,
O que esse eu lírico quer saber
A gente acha que sabe.
Quem é você?
Quem é esta mulher
Que, ao futuro marido
Disse ser “despencada”?
Ah, destino querido!
Roseana despencada?!
Ah, que seja uma penca
Dessas!
Que é esta mulher?
Esta que, em cada orelha,
Usava um brinco diferente?
Estranhamente!
Ah, era o que dava na telha!
E ela, por coincidência ou não,
Escreveu , lindamente,
“Quem vê cara não vê coração?”
Que lição!
Não é boba, não!
Ah, não!
Quem é esta mulher singular,
Se, de todas, a mais plural,
Até no nome?
Roseana: Rosa e Ana!
Ah, destino apraz!
Há anos, ela lavra
Palavra por palavra
E é capaz
De nomear, ciente,
Docemente
O que a gente sente.
E no seu poema, o eu lírico questiona, Roseana:
“Quem sou em meu avesso?”
A gente reflete e responde:
Um avesso? Que nada!
De Roseana?
Como assim?!
Ela nada em águas
Mais profundas!
Nada, nada, nada
E o nada vira tudo.
Ela
É ser inquieto.
E, dessa inquietude,
Busca atitude.
É dela!
E cria e recria,
Enfeita a vida!
Mas não em linha reta
Vida não é assim.
Ela é feita de “Tantos medos
E outras coragens”.
Nela e por ela é preciso
Ousadia, guerrear,
Abrir o coração
E seguir a direção,
A que está lá em
“Receitas de olhar”
E pra bem enxergar!
Tá bem?
“Quem sou em meu avesso?”
Nenhum avesso!
Para Roseana
A vida desenhou
Os caminhos!
E deles, cuidou , velou,
E com que amor!
“Fardos de carinho”!
Ah, o destino!
Sempre à espreita!
Para Roseana,
Soube traçar empreitada:
Se ela, com sua casa
Não casava,
Por que não morar
Onde o avesso e o direito
Podem se encontrar?
Em outras “Casas”, em “Tribos”.
Lá onde moram bichos,
Pessoas, flores, frutos…
Sentimentos todos!
Uma “Fábrica de poesias”?!
Produzindo e espalhando
Vida: matéria-prima do poeta?
Roseana mora lá
Onde o teto
Por um “Abecedário Poético”
Completo, é recortado,
É costurado,
É construído:
Na tessitura do afeto!
É lá que Roseana mora
Nos livros. No agora.
E essa casa
Por “Classificados Poéticos”
Pode ser dela,
Minha e sua.
É “Fruta no Ponto”.
Amor de ponto em ponto,
Mas não o final.
Afinal,
Roseana é imortal!
E o eu lírico, ainda quer saber:
“Quem sou eu
Quando durmo
Ou quando, de olhos abertos,
Me remeço para o futuro,
Saltando ilhas e desertos?”
A gente quer responder:
Ah, quem é você, Roseana,
nessas horas?
Acordada ou não,
Com os pés no presente
E olhos no futuro…
Quem é você, nessas horas?
A Roseana dos temas.
Escolhe um e faz festa!
Com ele, entoa versos e infesta
Nossa vida de cenas e lemas!
E, para você, Roseana, há tema?
Hum! A gente acha que há trama
Do destino
Que tramou seu encontro
Com o “Ou isto ou aquilo?”
De Cecília Meireles!
Licença poética
Que Cecilia
Sabia a quem dava:
A alguém que não acreditava
Poder unir e se regalar
Com a alquimia que é
Escrever e cozinhar.
Roseana, perdão,
E dispensa, ops!
Quase a da cozinha, viu?
Mas não, é a poética!
O que a gente acha ( só acha)
Que tudo com você,
Assim, se dava
Assim, de forma ética:
“Ou amasso o pão
Ou escrevo no chão.
Ou escolho o pote de mel
Ou prefiro escrever “Poemas no céu”!”
Escrevia, cozinhava…
E a magia acontecia:
Não só em forma de receita
Veio por um bilhete
Mensagem perfeita
de uma sábia professora:
– “ Seus poemas são maravilhosos!
Publica!”
E , com eles, passou a encantar
Nossos olhos de leitores curiosos!
Sonho! Ele existe!
Acredite!
Você acreditou.
Você acredita!
E faz a gente acreditar!´
E sonha com a gente, lá, de lá
À beira-mar, na Casa Amarela.
Distribui “Rios de alegria”, nela
E tenham certeza, toda gente!
Mesmo que lá aja
“A Bruxa da Casa Amarela”,
Café, Pão e Texto é o que se acha.
Alimento para o corpo e para a alma.
Tudo tão direito!
Tão perfeito
Que extasia
Por tanta fantasia
Por tanta melodia!
Oh! Dá vontade de soltar
Suspiros de luz
Só de pensar!
“Quem sou eu
Quando me confundo e tropeço
Alço voo e mergulho?” –
Questiona o poema, ciente:
Desta casa amarela,
Recheada de Corpo e amor
Roseana, você, é a que
Lança semente,
E docemente,
Alegremente,
Magicamente,
Espalha amor!
E, como se isso não bastasse,
Ainda nos oferece
E nos aquece com …
“Desejo de abraço
Nunca passa.
Abraço é o nó
Mais delicado que há.
Um braço aqui
Outro lá
E o coração se derrete
O corpo afunda
Na mais gigantesca felicidade.”
A gente, Roseana, deseja te abraçar hoje.
E hoje, amanhã com um braço aqui e outro lá, estamos perto!
Mas depois, para sempre, seus textos serão esses braços,
através dos quais nosso coração se afundará na mais gigantesca felicidade!
Para você, todo nosso afeto e gratidão!