Receita de Pão e Amor

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Hoje vivi uma experiência maravilhosa e inédita: dei a minha primeira aula de pão e poesia, dentro do meu Projeto Café, Pão e Texto.

A turma do último ano do CIEP de Bacaxá veio em pequeno número. Eram 15.

Quando chegaram eu já havia estendido um plástico transparente na mesa e todos os ingredientes já estavam em fila, esperando.

O que era necessário:
– Um bol grande de cerâmica
– Fermento seco em pó
– Sal
– Água fria.
– Azeite

Coloquei 2/3 de um quilo de farinha no bol, 2 pacotes de fermento para um quilo de farinha e mexi, depois coloquei o sal.

Abri um buraco na farinha, como se fosse um vulcão. Despejei o azeite neste buraco.

Uma aluna foi vertendo a água até unir todo a massa.

Depois da massa unida, forrei a mesa com farinha onde a despejei.

Todos os 15 alunos e a Professora Elaine estavam em volta da mesa.

Começamos a amassar o pão com a farinha restante para dar o ponto.

Cada aluno amassou um pouco.

Fizemos uma bola com a massa e deixamos descansar num bol . Cobrimos a massa com um plástico.

Amassamos outro pão, esse com cúrcuma na massa.

Depois que a massa cresceu, a afundamos com a mão. Quando cresceu novamente, forramos outra vez a mesa com farinha e abrimos a massa do primeiro pão e recheamos com línguiça e muzzarela.

O mesmo processo para o segundo pão, de cúrcuma, mas esse não recheamos.

Enquanto os pães assavam, contei para eles toda o caminho do livro até a sua publicação.

Depois li alguns poemas do Corpo e Amor, ed Gradiva.

Quando terminava de ler um poema, alguém falava do que sentiu. E pediam outro!

Falamos da diferença entre poesia e prosa.

Falamos de tudo! Machismo, violência, racismo, homofobia, preconceitos, amor, amizade.

Falamos da diferença entre erotismo e pornografia.

Falamos da desigualdade social no Brasil. E o que podem fazer para seguir adiante: ler, estudar.

Os pães saíram do forno: perfeitos, maravilhosos.

Foram comidos até a última migalha, com manteiga, requeijão, azeite, mel, tomate ralado.

Sucos e café com leite.

Eu hoje estava sozinha, sem a ajuda da Vanda e eles tiraram a mesa, lavaram a louça, foram incríveis e se sentiram em casa.

A minha emoção e amor por eles não tem medida.

Que todos os belos desejos que expressaram aqui na varanda, possam se realizar. Um jovem disse: “Quero um dia comprar uma casa para a minha mãe. É o que me move.”

É o meu desejo que seus desejos se realizem.

PS: Essa é a turma do último ano do
CIEP 258 AUTROGILDO PEREIRA.
TURMA 3001 INTEGRAL.
Este ano se formam em técnicos em administração com ênfase em empreendorismo.