Por onde começo?
Onde o primeiro fio, a primeira palavra do que vou contar?
Escolho começar por um filho de libaneses. Conheci Mauricio Karam por puro acaso, no EducandariodoBem De Saquarema, ele dá aulas de francês para as crianças. Ele passa alguns dias por aqui e era meu sonho de consumo: alguém com quem pudesse conversar em francês. Ele é professor da Aliança Francesa no Rio.
E era meu convidado de honra hoje, no Café, Pão e Texto.
Chegou um pouco antes do , que vinha de Itaboraí.
Da escola eu sabia apenas que era pública e de Ensino Médio.
A mesa estava pronta na varanda arrumada para o encontro, pelo Samuel, nosso jardineiro.
Acordei muito cedo para fazer pães e bolos.
A filha da Vanda Oliveira, (Vanda é o meu anjo da guarda) , a Liliam, fez o empadão que foi trazido de bicicleta pelo marido, para assar no meu fogão.
E assim, enquanto esperávamos a escola, fui contando para o Maurício todos os preparativos. Para mim é importantíssimo fazer o que for possível com as minhas mãos. Vou colocando amor na massa.
Chegou a escola e eram lindos os adolescentes.
Maurício foi logo ensinando todo mundo a dar “Bonjour!”.
E aí todos se acomodaram e fui sabendo que escola é essa!
Uma escola rural, que atende o Ensino Médio, numa estrada que liga Maricá a Itaboraí, que coloca todo o foco na literatura e leitura e produção de textos, e tem conseguido que seus alunos passem na UFF e na UFRJ.
A escola não tem internet mas tem uma ótima BIBLIOTECA.
As Professoras me contam que os alunos são incriveis, alguns andam longas distâncias para chegar até o ônibus.
E a escola teve que brigar muito para ter o ônibus, até para existir.
As professoras me contam que aproveitam tudo o que o Estado oferece, concursos, olimpíadas…
Conversamos muito.
Falamos, eu e Maurício, da importância de saber uma língua estrangeira. Falamos de profissões, do mundo, de escolher uma profissão que alie remuneração e prazer.
Três meninas vieram ler meus poemas. Uma delas me mostrou seus lindos poemas.
Li alguns haicais e eles levaram como sugestão para a aula de produção de texto.
Mauricio mostrou muitas palavras francesas que usamos: mousse, croissant… Falou um pouco das línguas latinas.
E era tudo um sonho. A confraternização na hora do café, no jardim, a chama acesa das professoras, a certeza de que estão salvando esses jovens, dando a eles um caminho.
Foi muita emoção.
E posso então dizer, que apesar de tudo, este Brasil existe. Esta escola é maravilhosa!
Viva a Educação Pública com literatura e Arte!