Hoje recebi uma escola de Itaboraí, Escola Municipalizada Onze de Junho, uma turma de Eja, para um Café, Pão e Texto, pelas mãos da minha amiga Prica Motta.
Eram todos adultos e este ano começaram a alfabetização.
Estão sendo alfabetizados com a ajuda do meu livro de poesia Abecedário (Poético ) de Frutas, ed. Rovelle.
Começamos pelo Café e a mesa estava muito farta. Fiz tudo com as minhas mãos e a Vanda Oliveira nos arremates. Ficaram encantados com o pão e pediram a receita para fazer na escola, pois a turma entra na cozinha.
Comecei com o livro Poemas e Comidinhas, que fiz em parceria com o meu filho Chef Andre Murray, com o poema Comida de Sereia.
Contei para eles como em civilizações antigas encontramos a mistura de animais com gente, pois é um desejo humano possuir a potência de um animal. Falei que não possuímos essa força mas temos a mente, a capacidade de acumular conhecimento e de inventar. Somos os animais criativos e, no entanto, destruímos.
Perguntei a eles o que poderíamos fazer a respeito.
Uma senhora quis falar.
Ela tinha um guardanapo amassado na mão e disse: podemos não jogar o lixo no chão. Essa frase foi a senha para me contar onde viviam.
Com rios poluídos, nenhum saneamento, água que não é tratada, etc.
Mas muitos disseram: Se cada um cuidar do seu pedacinho…
Brincamos com meu poema Orquestra Noturna, do livro Caixinha de Música, que fiz com meu filho Guga Murray. Amaram fazer os sons do poema.
Então, com o Armarinho Mágico falamos de Desejos e uma senhora me disse que realizou o seu maior desejo: aprendeu a assinar o nome! Ela tinha tanta vergonha! Já está começando a ler.
Um senhor disse: ” Eu não me perco mais. Já sei ler.
E cada um foi contando as suas histórias de vida…
No final foram até a praia.
Uma senhora não conteve a emoção. Era a primeira vez que via o mar.