Como professora de Língua Portuguesa, venho percebendo a cada ano um desinteresse crescente por parte dos alunos pela leitura de modo geral – até porque é difícil competir com a tecnologia e seu imediatismo.
Há alguns anos venho acompanhando o maravilhoso e incansável trabalho da poeta Roseana Murray, aqui na minha cidade de Saquarema , na tentativa de formar novos leitores. O seu trabalho consiste em reunir grupos de jovens alunos e mostrar que a literatura também pode fazer parte de suas vidas. Nesses grupos os participantes são convidados através do projeto “Café, pão e texto”, criado e mantido pela própria a fazerem leituras de contos e poemas, de forma lúdica, onde são levados a refletir não somente os textos lidos, como a própria vida.
É possível que, no imaginário dos jovens, poetas sejam algo inalcançável, só de livros e de papel, logo, no momento em que eles se deparam com uma poeta de carne e osso e acessível, são levados a reconsiderar suas ideias preconcebidas. Como exemplo disso, relato o que ocorreu quando levei um grupo de alunos adolescentes a participar desse projeto. Esse encontro foi uma forma de ampliação de horizontes, com surgimento de inúmeras novas possibilidades das quais eles nunca haviam pensado. O reflexo desse encontro se fez presente ao longo de todo o ano letivo e espero que de suas vidas. A partir daí tudo se tornou mais fácil na hora da leitura e reflexões de textos em sala de aula, já não era algo tão chato e cansativo, como eles alegavam anteriormente, mas como algo novo a ser descortinado. Desse grupo surgiu, inclusive, motivações para escreverem seus próprios textos e por vontade própria.
Por tudo que observei com meus alunos, posso afirmar que é um trabalho essencial e que traz resultados concretos em nossa sociedade .
Adelaide Vidal Coutinho
E. E. Oliveira Viana