Depois de vinte dias na minha casinha da montanha voltei ontem à tarde para casa. Lá não tenho internet e foram dias magníficos de mergulho num outro mundo.
Nosso encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela desta vez aconteceu na montanha. Muitos aproveitaram para passar alguns dias de férias com a família em Visconde de Mauá.
A nossa reunião começou na varanda do Babel Restaurante do meu filho André Murray, com sua vista magnífica. Discutimos o livro A Mocinha do Mercado Central de Stella Maris Rezende,ed. Globo.
O que seduziu a todos foi o jogo com os nomes. A cada novo nome acrescentado uma nova personagem nascia e todos ressaltaram o jogo de espelhos, o teatro. A estrutura do romance, nos levava a discutir o texto como um quebra cabeça. Movíamos as peças no tabuleiro .O que era sonho, o que era realidade ou ficção , impossível dizer. Ressaltamos o “aparato” imagina-mágico . A partir destas duas palavras tudo se torna possível.
O pai da mocinha foi posto no banco dos réus e absolvido. O romance , de busca do pai, do amor, de novas identidades para encontrar a sua própria identidade ia sempre se desdobrando, se abrindo em encontros mágicos e desencontros: o desencontro da Valentina com a vida. O romance traz para o leitor temas fortes e violentos , estupro, suicídio, a morte de uma criança. Mas com extrema delicadeza vai desatando nomes e nós. Para todos os leitores do Clube, a autora deixou o final em aberto. Assim cada um podia escrever o seu final, escolher um caminho. Todos sublinharam o encontro da mocinha com a poesia , pura magia.
Depois brincamos com o significado de nossos próprios nomes e eu ganhei meu nome escrito num grão de arroz, presente de Gil e Maria Clara.
Num segundo momento ouvimos histórias das 1001 Noites e poemas do Leminsky.
E então fomos para a minha casinha onde comemos um cozido magnífico preparado pelo meu filho André.Fazia frio, a amizade e o prazer do texto discutido nos aquecia. Tivemos novos leitores em nosso encontro: Fátima, César, Denise e algumas jovens e lindas meninas. Maria Clara e Gil plantaram bromélias na mata que envolve a casa. E uma alegria imensa jorrava de dentro de mim.