E.M. Roberta Maria

A E.M. Roberta Maria, de Itaboraí, encheu a casa de alegria. Vieram ao meu Café, Pão e Texto para um dia inteiro de sonho. Comecei falando da conferência que assisti do Saramago, onde ele dizia que alguns humanos fazem parte da tribo da sensibilidade. E li meu poema Tribo e todos nos sentimos parte da mesma tribo. Lemos juntos meu livro Coração à Deriva, ed. Rovelle, que estarei apresentando dia 16 às 14h no Salão do Livro no Rio de Janeiro. Falamos do mito das sereias, falamos de amor. Lemos alguns poemas do livro Quem Vê Cara não Vê Coração e nos lembramos de muitos ditados populares e seus significados. E quando li os poemas do Poço dos Desejos e perguntei dos sonhos e desejos de cada um, Vinicius , um menino lindo, me disse que seu maior desejo era ser aventureiro! Vir até a minha casa e depois almoçar ao ar livre na lagoa e visitar a igreja já é o começo da sua vida de aventureiro.

Café, Pão e Texto com Kalu Coelho

Cada encontro do Café, Pão e Texto me diz o caminho. Não tenho nenhum roteiro. Hoje recebi a Escola Municipalizada Onze de Junho pelas mãos das Professoras Prica Mota, Fabiana, Janaína, Lucine, Aldilea e o Motorista Sérgio. Um pouco antes do ônibus da escola encostar, a minha convidada especial chegou, Kalu Coelho, trazendo a Diretora de uma escola de Cabo Frio, Eunice e Lilian, professora. Kalu é musicista e professora de música em Búzios. O café da manhã já estava na mesa e eles comeram antes da gente começar a conversar, pois estavam com fome, vieram de Itaboraí. Eu havia acordado às cinco da manhã para preparar tudo. Logo ganhei um presente da escola: uma caderneta linda, mas a maravilha é que o presente vinha com um texto emocionante escrito por uma aluna, Aldaleia. Ela me diz: “ Seu poder Sonhador. Com tuas mãos fazes do mundo um melhor lugar.Grande poetisa que descreve tudo com letras. Você descobriu um mundo encantado. Onde nada faz sentido, porém tudo é belo. Onde cada palavra guarda um profundo significado. Onde sonhar se torna possível com papel e lápis. Você Roseana descobriu algo desejado como a alquimia. Você, minha cara, descobriu como se manter sonhando em um mundo virado ao avesso.” Kalu fez mísica para um poema do livro Poemas de Céu: Estrela Cadente. A sua música , lindíssima, emocionante teve um efeito indescritível em todos nós. As crianças aprenderam e cantaram o refrão. Fizemos a Orquestra Noturna, do livro Caixinha de Música, mas Kalu, depois do poema, perguntou se eles queriam fazer um temporal e ensinou várias maneiras de bater palmas. De olhos fechados eles fizeram um temporal. Perfeito. Brincamos com muitos poemas e Kalu explicou para eles o que era música instrumental. Explicou o seu processo de criação, como antes de compor há uma história ou alguém, há um sentimento, há o momento… E todos de olhos fechados, eles ouviram a maravilhosa música Amálgama. No final ela perguntou o que eles pensaram enquanto ouviam a música e Aldalea disse que pensou que essa música talvez tivesse sido feita para alguém, Aldalea havia pensado no pai, pois ontem fora o seu aniversário… Kalu disse que havia incrivelmente feito a música para um amigo que era como um pai, pro grande músico Guinga. Então falamos sobre a palavra amálgama, essa liga que estava unindo o grupo naquele momento. Hoje falamos de sentimentos e desejos. Kalu foi uma grande parceira e estou muito emocionada.

Rio das Ostras na Varanda

Café, Pão e Texto, uma ideia que deu certo. Abro a casa para receber escolas públicas e agora professores. A nossa manhã foi quente e luminosa. A Secretária de Educação Andrea chegou primeiro, junto com sua principal colaboradora, Lilia, que também é escritora. E me contou: Em Rio das Ostras há dentro da Secretaria de Educação um Departamento de Leitura e Arte. Isso faz toda a diferença. Todos sabemos que uma escola sem literatura e arte não existe, é uma escola morta, um cárcere. E esse Departamento não pode ser extinto pois foi votado pelos vereadores. Lemos um conto do meu livro Território de Sonhos. Um conto lindo e muita gente se emocionou. Perguntei: Vocês são anjos de quem? Pois o conto traz essa questão. Falamos de tudo um pouco. Do que é humano. Falamos de vida e de sonhos. E de resistir. Ganhei muitos livros e distribui o livro O Amor Possível do meu marido Juan Arias com Saramago. Algumas professoras são também escritoras. O afeto era um oceano vivo aqui na varanda. E a mesa do café estava linda! Com bolos, pão recheado, torta de legumes, beringela italiana… Agradeço o gesto maravilhoso da Secretaria de Educação, foi o mais lindo presente que recebi, as professoras e um professor. Obrigada.

E.M. Clotilde de Oliveira Rodrigues e o Coral Encanta Búzios

O entrelaçamento da, sob a batuta da Professora Delma Marcelo Dos Santos e do Maestro Moisés Santos, foi uma experiência única e maravilhosa. Preparei todo o café da manhã com as minhas mãos como se fosse a princesa fazendo o bolo no conto da Pele de Asno: com todo o amor. Primeiro chegou a escola e conversamos sobre a descoberta do Brasil, porque falamos português, sobre a África e a escravidão e a Van de Búzios chegou com o coral. Fizemos muitas brincadeiras com os poemas. O Coral cantou maravilhosamente para a escola. Depois lanchamos e quando a escola foi embora o Coral foi para o jardim onde li alguns poemas e conversamos e elas cantaram…e como nos contos de fadas fomos felizes para sempre.

Adolescentes no Café, Pão e Texto

Como professora de Língua Portuguesa, venho percebendo a cada ano um desinteresse crescente por parte dos alunos pela leitura de modo geral – até porque é difícil competir com a tecnologia e seu imediatismo. Há alguns anos venho acompanhando o maravilhoso e incansável trabalho da poeta Roseana Murray, aqui na minha cidade de Saquarema , na tentativa de formar novos leitores. O seu trabalho consiste em reunir grupos de jovens alunos e mostrar que a literatura também pode fazer parte de suas vidas. Nesses grupos os participantes são convidados através do projeto “Café, pão e texto”, criado e mantido pela própria a fazerem leituras de contos e poemas, de forma lúdica, onde são levados a refletir não somente os textos lidos, como a própria vida. É possível que, no imaginário dos jovens, poetas sejam algo inalcançável, só de livros e de papel, logo, no momento em que eles se deparam com uma poeta de carne e osso e acessível, são levados a reconsiderar suas ideias preconcebidas. Como exemplo disso, relato o que ocorreu quando levei um grupo de alunos adolescentes a participar desse projeto. Esse encontro foi uma forma de ampliação de horizontes, com surgimento de inúmeras novas possibilidades das quais eles nunca haviam pensado. O reflexo desse encontro se fez presente ao longo de todo o ano letivo e espero que de suas vidas. A partir daí tudo se tornou mais fácil na hora da leitura e reflexões de textos em sala de aula, já não era algo tão chato e cansativo, como eles alegavam anteriormente, mas como algo novo a ser descortinado. Desse grupo surgiu, inclusive, motivações para escreverem seus próprios textos e por vontade própria. Por tudo que observei com meus alunos, posso afirmar que é um trabalho essencial e que traz resultados concretos em nossa sociedade . Adelaide Vidal Coutinho E. E. Oliveira Viana

Caminhos de Roseana Murray na Escola Brasil

Boa Tarde, Sou Rosângela, professora regente de sala de leitura da Escola Municipal Brasil no município do Rio de Janeiro e no ano de 2015 oito escolas de nossa região foram convidadas a participar da FLUPP (Festa Literária das Periferias) e nossa escola trabalhará e desenvolveria várias atividades em cima de livros da autora Roseana Murray. Na escola trabalhamos várias obras de Murray, conhecemos sua biografia e explorando o blog da autora descobrimos um projeto “Café, pão e texto” em que nossa autora recebia alunos da rede pública da região de Saquarema em sua casa para fazer um lanche bater papo e ler textos. Ficamos encantados e conseguimos agendar nossa visita. Selecionamos na escola 20 alunos apaixonados por leitura e que estavam a frente das atividades para a FLUPP e fomos a Saquarema. Quando chegamos a casa de Roseana ela nos esperava no portão com um sorriso lindo e recebeu nossos alunos com um abraço carinhoso em cada um. Sentados em sua varanda cuidadosamente arrumada para nos receber Roseana leu para nos, convidou nossos alunos. para ler suas poesias e conversamos sobre anseios, amizade, sexo e gravidez na adolescência, sobre conflitos e muito mais. Papos que geralmente eles conversam com amigos e não com adultos e as crianças se soltaram. Roseana perguntou a cada um seu sonho e eles foram muito sinceros nos seus anseios. Passeamos por Saquarema, analisamos cada espaço que identificamos em muitos dos seus poemas. Voltamos… Aquele grupo viveu uma experiência única, não conheceram somente a autora Roseana Murray, tiveram contato com uma mulher sensível, carinhosa, amável e sobretudo muito especial. Voltaram para escola apaixonados pelo universo da poesia e repassaram para a escola toda este momento fazendo colegas, professores e pais apaixonados por leitura. Nossa sala de leitura, a pedido dos alunos, agora leva o nome do nosso projeto “Sala de Leitura Nos Caminhos de Murray” e para a nossa escola, Roseana não é só a autora de livros,é a amiga que fez alunos gostarem cada vez mais de ler e escrever, de sonhar e correr atrás dos seus sonhos…de amar e viver feliz. Muito Obrigada por ser esta pessoa tão especial e não se esqueça…Nós da Brasil caminhamos com Roseana Murray.

Relato de um encontro

Escola Municipal Prefeito Magid Repani Inverno de 2015 – Manhã do dia 26 de junho. O sol ainda não havia dado “Bom dia”, mas as crianças das turmas 301, 302 e 303 já estavam de pé, algumas confessaram que nem conseguiram dormir, fechavam os olhinhos, mas a ansiedade era tanta que o soninho não vinha. Lá foi o ônibus levando sonhos, encantos, esperanças e um monte de alegrias estampadas no brilho do olhar de cada um. No trajeto foram descobrindo palavrinhas com H, com R, era uma festa quando numa placa da estrada alguém conseguia ler: Rodovia, telha, obra, churrascaria e por ai a fora. O ônibus chegou e lá estava a anfitriã Roseana Murray, abriu o portão e entre beijos e abraços foi acolhendo cada um com o maior carinho. Todos estavam ali para contemplarem o Projeto Café, Pão e Texto, onde a escritora Roseana Murray abre sua linda casa amarela para contar histórias. No primeiro momento as crianças conheceram o jardim, e entre pé de pitanga, de cravo ouviam como tudo ali foi criado e o sonho realizado – Porque nunca devemos desistir dos nossos sonhos. Logo após as crianças se reuniram na varanda, entre mantas e almofadas, ficaram ali atentas e participativas a cada história. Chegou a hora do Café, uma linda mesa com bolo, sanduíches, biscoitos, chocolate quente, paçoca e doce de leite. Completando o passeio todos foram até o mar, muitos se encantaram, pois nunca tinham visto o mar, assim de perto, deixaram que a água tocasse seus pezinhos, corriam de um lado para o outro, numa gritaria de felicidade. Para completar o passeio a francesa Monique contou que ajudava uma escola de Burkina Faso e sugeriu um lindo intercâmbio entre eles, entre as crianças de Magé e as crianças de Burkina Faso – Levaria as fotos desse lindo encontro e em breve estaria enviando fotos das crianças de lá. Após um abraço coletivo a certeza que a simplicidade e o colo de avó fazem toda diferença. Sei que muitos terão histórias para contar e esse encontro com a escritora Roseana Murray ficará eternizado para sempre, como o primeiro toque nas areias da praia. Dias depois a professora deu uma aula de geografia sugerida pela Roseana Murray, com o tema: Burkina Fuso e o mundo. Os alunos ficaram encantados e os alunos que foram ao passeio multiplicaram sua experiência para os alunos que não foram. Foi uma experiência maravilhosa.

Com Ginzburg e Calvino

Ontem me dei conta de que nosso Clube de Leitura da Casa Amarela já tem seis anos. Sei porque meu grande e amado amigo Latuf, que foi embora para Pasárgada em 2010, estava vivo quando fizemos nosso primeiro encontro. Acho que agora não há mais perigo do Clube se desmanchar no ar, sempre tive esse medo. Desde criança achava que ninguém viria nos meus aniversários e que claro, iriam se esquecer de mim. Mas os laços que a literatura cria entre as pessoas são impressionantes. E cada vez mais gente quer vir ao nosso encontro. Ontem recebemos cinco pessoas novas. A casa estava lotada. E me trouxeram muitos presentes! Tortas, vinho, geleias, licores. O livro As Pequenas Virtudes, que chegou nas minhas mãos inesperadamente numa tarde em Salvador, pelas mãos da minha amiga Verbena, deixou todo mundo emocionado, extasiado. São crônicas. O livro se divide em duas partes. A primeira, bastante autobiográfica, a segunda, como sublinhou Maria Clara, mais ensaística. Fomos passando crônica por crônica. Falamos do exílio e da memória. Da escrita maravilhosa da Natália. Máximo Tarantini, italiano, nos falou das distâncias naquela época. Então, quando a família estava exilada em Abruzzo, escondida, durante a guerra, além da sensação de exílio, pois haviam abandonado a própria casa, os amigos, a família, tudo o que amavam, havia a dificuldade de se chegar até lá. Não é como hoje, diz Maximo, quando se vai de Roma a Abruzzo em quarenta minutos. Rafael falou de Proust para falar da memória. Cristiano lembrou que a cantiga infantil que Natália ouvia em Abruzzo era um prenúncio da morte do seu marido, como se anunciasse o seu assassinato. Cada crônica dessa primeira parte, onde ela fala da sua vida, tem a sua cor. Uma nostalgia que é como um vento triste, às vezes muito humor, como quando ela fala da sua estadia na Inglaterra, ou da sua relação com o segundo marido. Em outra crônica Natália conta a amizade com Cesare Pavese, autor premiadíssimo. É o mais belo tratado sobre a amizade: ela não esconde nada do gênio dificílimo do amigo, das suas manias e esquisitices, mas com suas palavras ela vai untando o amigo com uma camada espessa de amor, quase um unguento. Até o desfecho , o seu suicídio, pensado e preparado, num mês quente de agosto, num hotel em Turim, a sua cidade natal. Li um poema belíssimo do Pavese. Máximo nos lembrou que o suicídio naquela época era uma filosofia de vida. Cesare dizia que a única liberdade que o homem tinha era a de escolher o momento de sair da vida. Lembramos que anos mais tarde Primo Levi também se matou. Na crônica sapatos rotos falamos da liberdade . Da importância de ter uma infância sólida, com sapatos fortes, para que no futuro se possa fazer belas escolhas, inclusive a de andar com sapatos rotos, uma metáfora maravilhosa. Gilcilene nos disse que As Pequenas Virtudes, crônica maravilhosa sobre as Pequenas e Grandes Virtudes, trouxe de volta seu pai, pela relação desprendida que ele tinha com o dinheiro. Falamos um pouco sobre o significado do dinheiro. Denise e Chico disseram que a crônica fez com que repensassem muitas atitudes com os filhos. A paixão de todos foi a crônica Meu Ofício, que no caso de Natália era a escrita, mas suas considerações valem para qualquer ofício. Em nosso Clube temos contadores, advogados, professores, um médico, Dr. Messias, comerciantes,poetas e cada um se viu nesta crônica, Todos sublinharam como Natália trabalha o tempo todo com luz e sombra, Messias disse que ela traz para a sua escrita todas as nuances do ser humano, todas as suas faces. Ao passar para Calvino, Marcovaldo, Cristiano disse que nem parecia o mesmo escritor das Cidades Invisíveis (que já lemos no clube).Mas a sua escrita maravilhosa é sempre a mesma. Propus que cada um falasse o que quisesse sobre qualquer episódio. E que maravilha de considerações. Cristiano definiu Marcovaldo: uma mistura de Chaplin com D.Quixote. Ou foi Maria Clara, não tenho certeza.. Íamos nos lembrando e rindo e amando relembrar. Máximo disse algo muito interessante. Depois da Guerra a Itália se uniu e perdoou. Todos se perdoaram querendo olhar para o futuro. Marcovaldo fazia parte deste momento. Falamos da sua busca pela beleza, pela natureza, quando a Itália deixava de ser agrária para ser industrial. Acho que Marcovaldo, apesar da sua condição de extrema pobreza, da consciência que tinha dessa pobreza, da sua vida miserável, não desistia de tentar viver poeticamente: aí reside a sua maravilha. O seu olhar buscava os caminhos para chegar até o fio que divide a dureza da vida, da experiência poética. Alguns leram poemas da Emily Dickinson. Ronaldo e Ana cantaram: alimento.antes do almoço. Fiz tabule, um arroz cremoso com frango desfiado e um arroz bem mediterrâneo com atum. Cantamos parabéns para os aniversariantes, Samuel, nosso caseiro, Angela e Fernando. Vinho branco e vinho tinto. Meus pães. Cada um ganhou um livro do Juan autografado, O Amor Impossível, longa entrevista com Saramago. O livro é maravilhoso e está saindo do catálogo da Manati. Se alguém tiver interesse pode encomendar na editora. Angela trouxe livros para sortear e Máximo também. Nosso próximo encontro será dia 7 de maio. Os livros: O Memorial de Maria Moura de Raquel de Queiróz e O Compadre de Ogum de Jorge Amado. Poemas do Quintana.

Peru de Natal

Uma vez ao ano o encontro do Clube de Leitura da Casa Amarela acontece no sítio de dois leitores, na zona rural de Saquarema, na frente da lagoa, um lugar de indescritível beleza. O primeiro encontro seria na nossa casa de onde saímos em caravana. O caminho até lá já é absolutamente deslumbrante. Ao chegar fui saudada ruidosamente por um peru, em homenagem ao conto do Mário de Andrade. Os donos da casa avisaram: não parem os carros debaixo das mangueiras carregadas! Fui de carona com a Adelaide Vidal, pois não temos carro e nunca soube dirigir. Reencontrei Rafael Santana, que foi amigo do meu amigo Latuf, que ao partir para a Via Láctea com seus livros, me deixou órfã. Rafael Santana é professor titular da UFRJ de literatura e agora entrou para o Clube. Trouxe um pedaço do Latuf, que era seu orientador. Máximo Tarantini, cineasta italiano que vive alguns meses em Saquarema, também é um novo membro do Clube, assim como Paulo Luiz Oliveira, que publicou o livro Tamoios, a presença dos índios na nossa região. Começamos o encontro com o Conto de Natal do Dickens, numa discussão acalorada. Cristiano Mota Mendes lembrou que no século XIX o ocultismo estava na moda, o que de certa moda explicaria a aparição do fantasma do sócio Marley. Falou também da critica social que Dickens faz. Norma Estrela falou de Cronos. Ronaldo falou que astroógicamente Scrooge era um saturniano. Afinal todos concordamos que apesar de não sermos leitores do século XIX e às vezes o conto soar estranho aos nossos ouvidos, o que fica é a transformação de um ser humano, para que assim ajude a transformar uma sociedade tão cruel. Passamos para o maravilhoso Peru de Natal do Mário. Falamos da sua irreverência, de como o patriarcado ali se quebra e começa o reino feminino. Rafael trouxe a lembrança das festas pagãs. Fomos tão felizes nesse conto. Estávamos todos nessa mesa de pura alegria. No Presente dos Magos de O.Henry, nos emocionamos com um amor tão singelo e verdadeiro. Afinal os dois, despojados do que tinham de mais precioso materialmente falando,ficaram mais ricos, pois a consciência de terem um ao outro se fortaleceu. No Natal na Barca falamos da barca de Caronte mas também da barca que leva ao novo, falamos da travessia, da fé, de milagres. É um conto forte e belíssimo esse da Lygia. Natal na Terra das Neves nos levou a um lugar tão estranho para nós, tão inóspito. Nesse conto de Jack London, o Natal é a justiça. E a partida na escuridão rumo à luz. Belo conto. Na Missa do Galo as galinhas d’angola gritavam como loucas no jardim! saudando o conto. Novamente a questão da mulher na sombra e como por alguns instantes aquela mulher se ilumina, transborda, seduz. O conto é de um erotismo sutil e magnífico. Muito se falou então de Machado e Mário de Andrade. Para o conto Presepe, a surpresa: Ronaldo tocou no violão uma canção feita para o conto e cantou junto com Ana. Ronaldo Mota nos prometeu vir sempre aos encontros daqui pra frente. Cantaram ainda junto com Cristiano duas músicas do espetáculo teatral Barquinho, pois tinham algo do espírito do Natal. Felipe Lacerda leu um poema do Drummond. Eu li meu poema de Natal e Fernando leu um poema de Natal do Chico Peres. Então fomos para a mesa que ninguém é de ferro. Hélio e Fernando, nossos anfitriões, prepararam a mesa mais linda. Fizemos nosso amigo oculto de livros e poemas. Angela Maria Quintieri cantou com Ronaldo ao violão. Todos do grupo trocamos juras de amor, pois já somos uma família ligada pela literatura.Antonio Antônio Cesar Alves, Fátima Fatima Alves, incansáveis em sua delicadeza, trazem muita alegria ao grupo. E os ausentes Gilcilene Cardoso, Maria Clara, Leila Bialowas, Jose Augusto Messias, Izabella Coutinho estiveram o tempo todo presentes. Teve bolo de aniversário para Felipe, Cristiano e para mim que faço anos dia 27. E fomos felizes para sempre. Ganhamos livros maravilhosos. Lindas escolhas.