Arnoldo de Souza

Roseana me envia seu livro mais recente, talvez já não seja . Leio , releio , levo-o comigo para Paris, onde , na energia de Mallarmé, Baudellaire e Apolinaire, depois de muito ler e reler, teço essas palavras, minha impressão sobre esse mais novo trabalho dessa poeta amiga, fada da palavras.
Em meio a montanha, inebriada de matas , plantas e muita água, Roseana jorra sua poesia como uma enchente, uma tromba d’água inundando as casas da floresta, os vasos de plantas , enchendo o cálice das begônias com sua poesia encantada.
E os seres da mata, os entes da natureza estão impregnados em sua narrativa rupestre; seja os duendes e gnomos , transparecendo nos jardins dos seus versos livres , seja os Tronos , em eterno sacríficio pelo surgimento cósmico da beleza da natureza , traduzida por Roseana , seja os serafins e querubins , anjos do amanhecer e do crepúsculo, ornando as bordas dos dias incrustados na poesia-memória de nossa autora.
Magia que reflete a luz condensada como expressão da matéria , e o amor expandido como reflexo da energia que paira no vácuo perfeito de toda eternidade.
Sim , magia e luz, seres e floresta, água e memória , canto , pranto e paixão desmesurada pela vida , pelos seres do universo. Tudo narrado em verso feito com pergaminho e grafite, iluminado com lamparina , como soe acontecer aos poetas, antenas da raça, em seu exílio da serra , com sua ancestralidade atávica que a faz ressoar na alma sua poesia-mensagem mágica , cotidiana , absurdamente bela, encantadora e encharcada de dor e leveza , amor , carinho e densidade rítmica rara de se ver , boa de se ler, que permanece nos músculos de nossa memória e nos acompanha no perpassar do dia a dia .
Espero o próximo .

Grande abraço
Arnoldo de Souza